Representações europeias sobre controle de natalidade e aborto em sociedades islâmicas e haréns no período moderno
European representations of birth control and abortions in Islamic societies and harems in the modern period
Hist. ciênc. saúde-Manguinhos; 24 (3), 2017
Publication year: 2017
Resumo Ao longo do período moderno, as mulheres islâmicas, residentes em palácios ou em casas comuns, recorriam a medidas para prevenir a concepção ou, quando a gravidez ocorria, para induzir o aborto. Para tanto, faziam uso de ervas, drogas abortivas ou contavam com o auxílio de outras mulheres para interromper uma gestação indesejada. Os registros sobre tais práticas eram feitos por europeus - em alguns casos, médicos - que viajaram para as regiões islâmicas e que retrataram esse cenário em suas narrativas. Além dos abortos, também se noticiava o infanticídio nos palácios imperiais. Discute-se aqui como tais fontes descreviam o controle de natalidade, e como problematizavam o harém lascivo - tópos recorrente na literatura orientalista - a partir da óptica médica.
Abstract Throughout the modern period, Islamic women (whether they lived in palaces or normal houses) resorted to measures to prevent conception or to induce abortion when pregnancy occurred. They used herbs and abortifacient drugs or relied on help from other women to eliminate unwanted pregnancies. Such practices were recorded by Europeans - in some cases, doctors - who traveled to Islamic regions and described these scenes in their narratives. In addition to abortions, infanticide was also observed in the imperial palaces. Here we discuss how these sources described birth control, and how they investigated the lascivious harem, a recurring trope in orientalist literature, from a medical perspective.