A Vida Sexual, de Egas Moniz: eugenia, psicanálise e a patologização do corpo sexuado feminino
A Vida Sexual (The Sexual Life), by Egas Moniz: eugenics, psychoanalysis, and the pathologization of the female sexed body
Hist. ciênc. saúde-Manguinhos; 25 (supl.1), 2018
Publication year: 2018
Resumo O artigo analisa a obra A vida sexual, do neurologista português Egas Moniz, que intencionava com ela divulgar instruções médicas sobre o corpo sexuado. Compilada nos tomos "Fisiologia" e "Patologia" em 1902, teve 19 edições até sua censura pelo Estado Novo português, em 1933. Nela, Moniz elabora um discurso de diferenciação sexual ancorado em ampla bibliografia produzida entre fins do século XIX e início do século XX, em um contexto de intensos debates acerca de papéis de gênero. Observa-se que seu autor recorreu a múltiplos dispositivos de significação da sexualidade - como a eugenia e a teoria freudiana - para difundir sua ideia de que "o homem é essencialmente sexual, a mulher é essencialmente mãe".
Abstract An analysis is presented of A vida sexual (The sexual life), by Portuguese neurologist Egas Moniz, in which the author divulged medical instructions about the sexed body. Complied in two volumes - "Physiology" and "Pathology" - in 1902, it was edited 19 times until it was censored under the Portuguese military dictatorship in 1933. In the work, Moniz devises a discourse of sexual differentiation anchored in an extensive bibliography produced between the late nineteenth and early twentieth centuries in a context of intense debate about gender roles. Moniz drew on several theories to define sexuality - including eugenics and Freudian theory - to express his idea that "man is essentially sexual, woman is essentially mother."