Rev. bras. epidemiol; 21 (), 2018
Publication year: 2018
RESUMO:
Objetivo: Estimar a prevalência e verificar os fatores associados ao acesso a medicamentos prescritos, pela população adulta brasileira, e descrever as distribuições de dispêndio monetário para acesso aos fármacos, fonte de obtenção e motivos para o não acesso. Métodos:
Com base em um delineamento transversal, a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, analisou-se uma amostra composta por indivíduos adultos que tiveram medicamentos prescritos por profissional de saúde, nas duas semanas anteriores à realização da pesquisa. A variável dependente foi o acesso a medicamentos prescritos (total, parcial, nulo). Os dados foram analisados por meio de regressão logística multinomial, considerando-se o acesso total como categoria de referência. Resultados:
Os resultados mostraram alta prevalência de acesso total a medicamentos prescritos no Brasil (83,0%; IC95% 81,3 - 84,6). A maioria dos indivíduos teve dispêndio monetário com a obtenção dos fármacos (63,9%), sendo que os principais motivos para o não acesso foram a ausência do medicamento no serviço público de saúde (57,6%) e falta de dinheiro (11,9%). Foram observadas maiores chances de acesso parcial para os indivíduos atendidos no serviço público (OR = 2,5; IC95% 1,58 - 3,97). Maior chance de acesso nulo foi associada à cor de pele não branca (OR = 1,43; IC95% 1,03 - 1,99). Conclusão:
Os resultados revelaram iniquidade no acesso a medicamentos, reforçando a necessidade de fortalecimento do Sistema Único de Saúde para o fornecimento gratuito de fármacos, de modo a reduzir as desigualdades.
ABSTRACT:
Objective: To estimate the prevalence and check the factors associated with access to prescribed medicine by the Brazilian adult population; and to describe the distribution of the presence of monetary expenditure for the purchase, source of medicines, and the reasons for non-access. Methods:
Based on a cross-sectional design, from the 2013 National Health Research data, we analyzed a representative sample of the population that comprised adults with prescriptions written by a health professional, in the two weeks prior to the survey. The dependent variable was the access to prescribed medicines (full access, partial access, no access). Data were analyzed using the multinomial logistic regression considering total access as the reference category. Results:
The results showed high prevalence of full access to prescribed medicine in Brazil (83.0%; 95%CI 81.3 - 84.6). Most of the individuals had monetary expenditure on the purchase of medicines (63.9%), and the main reasons for no access were the lack of medicine in the public health service (57.6%) and having no money (11.9%). We found higher chances of partial access among individuals attending the public service (OR = 2.5; 95%CI 1.58 - 3.97). Greater chance of no access was associated with non-white skin color (OR = 1.43; 95%CI 1.03 - 1.99). Conclusion:
The results revealed significant inequity in access to medicine, emphasizing the need to strengthen the Unified Health System for the free supply of medicines in order to reduce inequalities.