Bairro Amigo do Idoso no Brás: percepções sobre os migrantes internacionais
Un Quartier Ami des Aînés à Brás: Les perceptions sur les migrants internationaux
Neighborhood Friendly to the Elderly in Brás: perceptions about international migrants

Rev. Kairós; 15 (13,n.esp.), 2012
Publication year: 2012

A metodologia proposta no quadro do programa Cidade Amiga do Idoso (OMS, 2007) pode ser adaptada e estendida a espaços bastante diversificados, a exemplo do tradicional bairro do Brás, na cidade de São Paulo. Através dos grupos focais, é possível chegar-se em pistas de análise sobre temáticas não inicialmente previstas, que se impõem de maneira transversal ao longo das discussões. Isso ocorreu em nossa pesquisa, com relação à presença de migrantes internacionais no Brás. O assunto foi suscitado diversas vezes em todos os quatro primeiros grupos focais organizados, envolvendo pessoas idosas, mas também profissionais que atuam no bairro. Os primeiros resultados revelam a existência de uma visão bastante negativa com relação a populações de imigração recente (como os bolivianos e os chineses). Esses migrantes são associados a diversos problemas do bairro como a sujeira das ruas, a insegurança dos espaços públicos ou a alta dos aluguéis para a habitação. Embora os participantes sejam eles mesmos, em sua maioria, migrantes (internos), não demonstram solidariedade para com os migrantes internacionais, pois é possível que não façam qualquer relação entre sua própria condição e aquela dos “outros”, os “estrangeiros”. Esses resultados parciais nos levam a um questionamento sobre a visão que estes migrantes internacionais teriam sobre essas mesmas questões, e nos conduzem a cogitar a realização de grupos focais com essas populações. Se uma cidade amiga do idoso é uma cidade amiga de todos, deve também ser amiga do migrante, seja qual for sua origem, etnia ou nacionalidade.
La méthode proposée dans le cadre du programme Ville Amie des Ainés (OMS, 2007) peut être adaptée et étendue à des espaces très diversifiés, à l’instar du traditionnel quartier du Brás, dans la ville de São Paulo. À travers les groupes de discussion, elle permet aussi de dégager des pistes d’analyse sur des thématiques non initialement prévues, qui s’imposent de manière transversale au fil des débats. Tel a été le cas, dans notre recherche, en ce qui concerne la présence des migrants internationaux dans le quartier du Brás. Ce sujet a été évoqué à plusieurs reprises dans tous les quatre premiers groupes de discussion organisés, regroupant des personnes âgées, mais aussi des professionnels intervenant dans le quartier. Les premiers résultats dévoilent l’existence d’une vision assez négative à l’égard de ces populations d’immigration récente (à l’exemple des boliviens et des chinois). Ces migrants sont associés à divers problèmes du quartier tels la saleté des rues, l’insécurité dans les espaces publics ou la hausse des prix des loyers. Même si les participants sont eux mêmes, dans leur majorité, des migrants (internes), ils ne démontrent pas de solidarité envers les migrants internationaux, car il est possible qu’ils ne fassent aucun lien entre leur propre condition et celle des « autres », les « étrangers ». Ces résultats partiels nous mènent à nous interroger sur le regard que ces migrants internationaux portent sur ces mêmes questions et nous conduisent à envisager l’organisation de groupes de parole avec ces populations. Si une ville-amie des ainés est une ville amie de tous, elle doit l’être aussi à l’égard des migrants, quelque soit leur origine, ethnie ou nationalité.

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