Idosos “roqueiros” e juventude eterna: pistas para reflexão
Elderly “rockers” and eternal youth: preliminary reflections

Rev. Kairós; 15 (13,n.esp.), 2012
Publication year: 2012

Neste artigo, fruto de pesquisa exploratória e qualitativa, buscou-se desenvolver uma discussão sobre rock, juventude, velhice e sua relação com os estereótipos negativos vinculados ao “ser velho” e ao “ser roqueiro”. Através de entrevistas individuais apoiadas em roteiros semiestruturados, coletaram-se percepções de quatro idosos (60 anos ou mais), residentes em São Paulo e que se consideram roqueiros, sobre questões vinculadas ao rock enquanto estilo de vida e movimento sociocultural originariamente “jovem”. Investigou-se também como essas pessoas lidam com o mito de “eterna juventude”, característico de algumas manifestações da cultura roqueira e do imaginário geral em torno do combate à velhice. Em relação à velhice, os quatro participantes entrevistados apontam aspectos negativos (limitações físicas) e positivos (maturidade e experiência de vida). Se, por um lado, afirmam nunca ter tido um desejo de eterna juventude, por outro lado, nunca deixaram de se sentir jovens, pois se consideram, em sua maioria, jovens no espírito. Entendem, assim, que, embora a juventude seja uma etapa cronológica passageira, pode também se manifestar, se a pessoa quiser, como um estado de espírito permanente. Embora não sejam músicos, veem-se como roqueiros por gostarem do gênero musical, por terem vivenciado há muito tempo o rock e terem memórias relacionadas à cultura roqueira, mas também por socializarem em torno do rock, seja como forma de lazer, seja nas relações familiares. Todos são categóricos ao afirmarem que o rock, hoje, é para todas as idades. Em conclusão, se por um lado, de um modo geral, os entrevistados relatam uma negação de um desejo de eterna juventude, por outro lado, não se consideram, em sua maioria, uma pessoa idosa, o que pode parecer paradoxal. Abrem-se novas pistas investigativas, tais como: seria o sentimento de “juventude no espírito” mais frequente em idosos que se dizem roqueiros? E se estivéssemos lidando com roqueiros músicos profissionais, os sentimentos com relação à juventude e à velhice seriam os mesmos dos roqueiros não profissionais?
This exploratory and qualitative research seeks to develop a discussion about rock, youth and elderly and their relation to negative stereotypes regarding “being old” and “being a rocker”. Four São Paulo natives over 60 years old who consider themselves “rockers” shared their perceptions from individual, semi-structured interviews based on their “rock and roll” lifestyle and this social and cultural movement originally classified for youths. This study also investigated how they deal with the desire of “eternal youth”, common in some rock and roll culture manifestations and general conceptions around the struggle against aging. In the respect of elderliness, the four participants pointed out negative aspects, such as physical limitations, and positive aspects, as such as maturity and life experience. On one hand, they affirm that they had never had a desire for eternal youth, yet on the other hand, they also had never stopped feeling young because they consider themselves youthful spirits. Then, they consider that even if youth is a chronological and passing stage, it can also be, if one decides, a permanent, spiritual state. Despite the fact that they are not musicians, they see themselves as “rockers” because they like that genre of music or because they had lived the majority of their lives in the rock era and have memories related to this culture. Another reason was the fact of one can have his/her social life revolving around rock, including in family relationships. They all are categorically affirming that nowadays rock is for all ages. In conclusion, the interviewees denied the desire for eternal youth, however they did not consider themselves elders, which appears to be a paradox.

These results lead us to consider new questions such as:

would the feeling of “youthful spirit” be more frequent in elders who consider themselves as rockers? If we were dealing with professional rock musicians, would their feelings about youth and old age be different from those of the non-professional rockers?

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