Constipação funcional e bexiga hiperativa em mulheres: um estudo de base populacional
Functional constipation and overactive bladder in women: a population-based study

Arq. gastroenterol; 55 (supl.1), 2018
Publication year: 2018

ABSTRACT BACKGROUND:

An association between urinary disorders and functional constipation has been registered in children and adults, with functional constipation being a common complaint in individuals with overactive bladder.

OBJECTIVE:

To evaluate the prevalence of functional constipation, overactive bladder and its dry/wet subtypes in women and to determine which bowel symptoms predict overactive bladder.

METHODS:

A cross-sectional study of women randomly approached in public spaces.

Exclusion criteria:

neurological/anatomical abnormalities of the bowel or urinary tract. Constipation was defined as ≥2 positive symptoms of those listed in the Rome criteria. Urinary abnormalities (frequent urination, urgency, incontinence, nocturia) were defined by a score ≥2 in the respective item of the International Consultation on Incontinence Questionnaire - Overactive Bladder. Dry overactive bladder was defined as urgency without incontinence, while wet overactive bladder included incontinence.

RESULTS:

A total of 516 women with a mean age of 35.8±6 years were interviewed. Rates of functional constipation, overactive bladder, dry overactive bladder and wet overactive bladder were 34.1%, 15.3%, 8.9% and 6.4%, respectively. Functional constipation was associated with overactive bladder and dry overactive bladder, with functional constipation predicting dry overactive bladder (OR=2.47). Quality of life was poorer in constipated women compared to non-constipated and even worse in constipated women with wet overactive bladder (median 22.5; 95%CI: 17.25-35.25). Manual maneuvers were significantly associated with both overactive bladder subtypes. Independent predictive factors for overactive bladder were manual maneuvers (OR=2.21) and <3 defecations/week (OR=2.18), with the latter being the only predictive factor for dry overactive bladder (OR=3.0).

CONCLUSION:

Functional constipation is associated with overactive bladder and its dry subtype, particularly in the younger population. In addition, this association is responsible for lower quality of life scores, especially when urinary incontinence is present. The presence of manual maneuvers and less than three defecations per week should direct us to look for overactive bladder.

RESUMO CONTEXTO:

A associação entre distúrbios urinários e constipação funcional vem sendo observada em crianças e adultos, sendo a constipação funcional uma queixa comum em indivíduos com bexiga hiperativa.

OBJETIVO:

Avaliar a prevalência de constipação funcional, bexiga hiperativa e seus subtipos seco/úmido em mulheres e determinar quais os sintomas intestinais estão mais associados e são preditores de bexiga hiperativa.

MÉTODOS:

Estudo de corte transversal com mulheres abordadas aleatoriamente em locais públicos.

Os critérios de exclusão foram:

anormalidades neurológicas/anatômicas do intestino ou do trato urinário documentadas. A constipação foi definida como ≥2 sintomas positivos daqueles listados nos critérios de Roma. Alterações urinárias (frequência urinária aumentada, urgência, incontinência e noctúria) foram definidas por um escore ≥2 no respectivos itens do Questionário Internacional de Consulta sobre Incontinência - Bexiga Hiperativa. Foi denominada de bexiga hiperativa seca a presença de sintomas de urgência sem incontinência urinária e bexiga hiperativa úmida quando a urgência estava associada a incontinência urinária.

RESULTADOS:

Foram entrevistadas 516 mulheres com idade média de 35,8±6 anos. As taxas de constipação funcional, bexiga hiperativa, bexiga hiperativa seca e bexiga hiperativa úmida na amostra estudada foram de 34,1%, 15,3%, 8,9% e 6,4%, respectivamente. Foi observada associação entre constipação funcional e bexiga hiperativa / bexiga hiperativa seca, sendo a constipação funcional fator preditor para esse subtipo de bexiga hiperativa (OR=2,47). O escore de qualidade de vida foi pior nas mulheres com constipação funcional em comparação com as não constipadas e ainda pior nas mulheres com constipação funcional associada a bexiga hiperativa úmida (mediana 22,5; IC 95%: 17,25-35,25). A presença de manobras manuais estava significativamente associada aos dois subtipos de bexiga hiperativa. Os fatores preditivos independentes para bexiga hiperativa foram manobras manuais (OR=2,21) e <3 defecações/semana (OR=2,18), sendo este último o único fator preditivo para bexiga hiperativa seca (OR=3,0).

CONCLUSÃO:

Em mulheres, a constipação funcional está associada a bexiga hiperativa e seu subtipo seco, particularmente na população mais jovem. Além disso, essa associação é responsável por piores escores de qualidade de vida, principalmente quando a incontinência urinária está presente. A presença de manobras manuais e menos de três defecações por semana em mulheres devem nos direcionar a procurar por bexiga hiperativa.

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