Condições de trabalho de assistentes sociais da área da saúde e repercussões psicossociais
Working conditions of social workers in the health system and psychosocial repercussions

Saúde Soc; 28 (1), 2019
Publication year: 2019

Resumo Este artigo discute aspectos das condições de trabalho e as repercussões psicossociais do trabalho de assistentes sociais (AS) que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). Esta pesquisa foi realizada a partir de investigação quali-quantitativa que envolveu tanto aplicação de questionários, em âmbito nacional, quanto a realização de entrevistas individuais e grupos focais com AS que atuam nos três níveis de complexidade do SUS. Nacionalmente, 295 AS responderam ao questionário, sendo 53,3% do estado de São Paulo. Os principais achados sugerem que as AS, apesar de em sua maioria serem concursadas e fazerem a jornada de 30 horas semanais, apresentam condições de trabalho inadequadas, pois 39% não têm salas para o atendimento individual e 30% informaram não ter privacidade para o trabalho. Do ponto de vista psicossocial, as escalas do questionário que avaliam as condições de trabalho e o bem-estar laboral evidenciaram que as(os) profissionais não estão em conflito com tais condições de trabalho, pois não foram reportados dados significativos quanto aos sentimentos de insegurança, impotência, frustração ou mal-estar. Há reconhecimento da utilidade do seu trabalho, percepção da precarização dos serviços e consequente queda na qualidade dos cuidados ofertados, o que, nas entrevistas, foi expressado como uma tensão frequente para o engajamento na garantia do direito à saúde. Assim, os altos índices de bem-estar constatados nas escalas podem ser vistos como dificuldades para o reconhecimento das condições precárias a que estão submetidas(os), ou como estratégias defensivas para o não enfrentamento dessas condições, aliado à dificuldade de se reconhecerem como trabalhadores(as) precarizados(as).
Abstract This article discusses aspects of the work conditions and the psychosocial repercussions of social workers enrolled in the Brazilian National Health System (SUS). This research was performed through a qualitative-quantitative investigation involving both the nationwide application of questionnaires and individual interviews and focus groups with social workers employed in SUS' three levels of complexity. A total of 295 social workers answered the questionnaire in the country, 53,3% of which in the state of São Paulo. Main findings suggest that the social workers, despite most of them being public servers and working 30-hours a week, show inadequate working conditions, since 39% do not have rooms for individual care and 30% reported having no privacy at work. From a psychosocial perspective, the questionnaire scales that assess working conditions and well-being during work showed that the professionals feel conflicted with their working conditions since it did not report significant data on feelings of insecurity, impotence, frustration or discomfort. There is recognition of the usefulness of their work and they perceive the precarization of services and subsequent decrease in the quality of the services provided - which was expressed in the interviews as a constant tension towards their engagement in guaranteeing the right to health. Thus, the high levels of well-being observed in the scales can be seen as difficulties in recognizing the precarious conditions to which they are submitted or even as defensive strategies for the non-confrontation of these conditions, together with the inability to perceive their own situation as precarious.

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