Colecistite alitiásica aguda: revisão de literatura
Acute acalculous cholecystitis: literature review
Rev. méd. Minas Gerais; 22 (supl.5), 2012
Publication year: 2012
A colecistite alitiásica aguda (CAA) trata-se de uma inflamação da vesícula biliar sem a
evidência de cálculos biliares. É estimado que ocorra em 2-15% de todos os casos de colecistite
aguda e geralmente se associa a condições de saúde críticas, como pós-operatório,
trauma recente grave e queimaduras. A etiologia da CAA é multifatorial e sua patofisiologia
ainda permanece pouco compreendida. Os principais mecanismos de doença propostos
incluem lesão por isquemia-reperfusão, resposta inflamatória sistêmica e estase
biliar. O diagnóstico, que costuma ser difícil, é baseado em dados clínicos, laboratoriais,
radiológicos e peroperatórios. As manifestações costumam ser inespecíficas, tais como
dor em quadrante superior direito, febre, náusea, vômitos, icterícia, leucocitose e função
hepática alterada. Os achados de imagem na ultrassonografia (US) e tomografia computadorizada
(TC) incluem aumento da espessura da parede e do volume da vesícula biliar,
barro biliar, fluido pericolecístico e presença de gás intramural. A combinação de pelo
menos três desses achados é necessária para o diagnóstico de CAA. A sensibilidade e
especificidade dos métodos de imagem são variáveis, entretanto, considera-se que a TC é
superior à US. O tratamento de escolha é colecistectomia, com crescente preferência para
utilização da via percutânea. O tratamento clínico associado inclui melhora dos parâmetros
hemodinâmicos com drogas vasoativas e medicamentos antimicrobianos. A taxa
de mortalidade costuma ser alta (10-67%), independentemente do tratamento instituído.
Tal fato é atribuído às condições mórbidas pré-existentes que costumam acompanhar o
quadro e contribuem para a rápida progressão da doença para gangrena e perfuração. (AU)
Acalculous cholecystitis (AC) is an acute infiamatory disease of the gallbladder without
the evidence of biliary stones. It accounts for 2-15% of all cases of acute cholecystitis and is
generally associated with critically ill patients, post-operatory, recente trauma and burns.
AC etiology is multifactorial and still obscure. The main mechanisms include ischemia/
reperfusion lesions, systemic infiamatory reaction and biliary stasis. The diagnosis may
be difficult, being based on clinical, labaratorial, radiographic and peroperatory features.
Clinical manifestations, although inespefics, are right hypochondrial pain, fever, nausea,
vomit, jaundice, leukocytosis and high liver enzymes. Ultrasound and tomography aspects
are thickening of the gallbladder wall with pericholecystic fluid, biliary sludge and emphysematous
cholecystitis. The combination of three or more of those aspects is necessary to
confirm the diagnosis of AC. The sensibility and specificity of the radiological exams are insconstant,
but the tomography is considered superior to ultrasound. The definitive therapy
is cholecystectomy. Associated clinical approach include the use of vasoactive drugs and
antibiotics. Mortality is high (10-67%), mainly because of the comobidity diseases. (AU)