Este estudo teve como objetivo geral compreender a violência nas relações afetivas íntimas de jovens universitários do curso de enfermagem de uma universidade pública do sudoeste da Bahia, a partir de suas condutas sexuais, considerando a perspectiva de gênero e de vulnerabilidade; e como objetivos específicos o de discutir as condutas sexuais de jovens universitários do curso de enfermagem de uma universidade pública, considerando a perspectiva de gênero e vulnerabilidade e o de analisar as dimensões de vulnerabilidade à violência nas relações afetivas íntimas de jovens universitários do curso de enfermagem de uma universidade pública. Utilizou-se a Teoria dos Roteiros Sexuais de Gagnon e Simon como referencial teórico associado à compreensão das dimensões da vulnerabilidade em saúde. Tratou-se de um estudo descritivo, exploratório, de natureza qualitativa, cujo método utilizado foi a narrativa de vida. O referencial teórico-metodológico utilizado foi o de Daniel Bertaux, na perspectiva etnossociológica. Foram entrevistados 30 jovens universitários do curso enfermagem de uma universidade pública do sudoeste da Bahia, da faixa etária entre 18 e 29 anos. O instrumento de coleta das narrativas foi uma entrevista aberta, sendo utilizada a análise temática para o processo analítico das narrativas.

Deste processo emergiu uma categoria analítica:

Condutas sexuais de jovens universitários e a vulnerabilidade à violência nas relações afetivas íntimas. Os resultados evidenciaram que os jovens universitários apresentam roteiros dos comportamentos sexuais em seus relacionamentos afetivos íntimos e com influências sociais, culturais e de gênero. As jovens do sexo feminino afirmaram ter vivenciado várias formas de violência por parte de seus parceiros, psicológica, física e sexual, enquanto os jovens do sexo masculino relataram apenas a vivência de ciúme por parte de suas companheiras, porém não associaram esse sentimento a nenhum tipo de violência. Ademais, as cenas de ciúmes e controle foram compreendidas por algumas jovens como demonstração de cuidado e amor, naturalizando o comportamento agressivo e controlador de seus companheiros, demonstrando a permanência da dominação masculina e a relação de poder sobre a mulher. Os jovens vivenciam vulnerabilidade na dimensão individual, devido ao isolamento causado muitas vezes pelo afastamento da família e inserção de novas responsabilidades. Apresentam também exposição ao desenvolvimento de distúrbios emocionais como o sentimento de solidão, medo e tristeza, ficando fragilizadas emocionalmente. As jovens apresentam vulnerabilidade social para vivenciar relações afetivas íntimas violentas por medo de ficarem sozinhas ou por naturalizarem comportamentos abusivos dos companheiros, influenciados pelas questões de gênero, pelos cenários culturais e roteiros interpessoais que tiveram ao longo da vida. Ademais, apresentam vulnerabilidade programática pela ausência de políticas públicas que promovam a prevenção desse tipo de violência. Considerando o papel das universidades e sua importância na transformação da realidade social e na qualidade de vida e, ainda, na formação em saúde, destaca-se a necessidade do desenvolvimento de ações preventivas e de promoção de relacionamentos saudáveis pelos jovens universitários.