Entre laços e nós: narrativas de violência nas relações afetivo-sexuais de adolescentes de uma escola na região Costa Verde (RJ)
Between tiés and knots: narratives of violence in the affective – sexual relationships of adolescents in a school in the Costa Verde (RJ)

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social to obtain the academic title of Mestre. Leader: Cárdenas, Claudia Mercedes Mora

Esta dissertação objetivou compreender como as violências nas relações afetivo-sexuais são significadas por alunas e alunos adolescentes de uma escola estadual da região Costa Verde do estado do Rio de Janeiro. Foi desenvolvida uma pesquisa de cunho etnográfico, que incluiu observação participante de sete meses e seis entrevistas em profundidade com moças e rapazes entre 18 e 24 anos, sem distinção de orientação sexual.

Os eixos de análise privilegiados foram:

as trajetórias afetivo-sexuais, as experiências que envolvem algum tipo de ação violenta no relacionamento e as agências realizadas diante dos conflitos. Os resultados da pesquisa revelam que as agressões entre casais se naturalizam no cotidiano e reforçam a dicotomia vítima e agressor. Múltiplos relatos que envolvem algum tipo de agressão não foram classificados como violentos, mas sim como experiências adjetivadas negativamente. Os adolescentes pesquisados não costumam procurar ajuda perante tais situações, pois, além de não significarem certas vivências como violência, o receio de julgamentos morais produz uma seleção do que pode ou não ser dito aos pares ou à família, sendo assim, há uma tendência em agenciar sozinhos os conflitos vividos. A reprodução de padrões sociais de gênero, especialmente nas experiências de namoro e “ficar”, contribui para a manutenção de hierarquias e desigualdades que atingem a moças e a rapazes de diferentes formas. O silenciamento a respeito do tema contribui para a invisibilidade da violência no namoro e no “ficar”. Em contexto de acirramento do controle e homogeneização da sexualidade e do gênero no âmbito escolar, a visibilização da violência no namoro pode vir a ser considerada como mais um “problema” a tutelar em vez de contribuir para o reconhecimento do adolescente como sujeito de direitos. Em outras palavras, tais observações trazem à tona a relevância da problematização em torno da dicotomia entre autonomia e tutela, em função da lógica de intervenção do Estado em relação às políticas públicas sobre sexualidade e gênero dos adolescentes, e em torno de um cenário político particular que tenta minar o diálogo sobre sexualidade no âmbito escolar. Em suma, apresenta-se como desafio a ampliação desse diálogo, de forma que contemple a reflexão sobre violência nas relações afetivo-sexuais, e a expansão de estudos qualitativos que possibilitem melhor compreender este fenômeno
This thesis aimed to understand how adolescent students of a state school from the Costa Verde region of the State of Rio de Janeiro signify different types of violence in affective-sexual relationships. An ethnographic research was developed, which included participant observation of seven months and in-depth interviews with six girls and boys between 18 and 24 years, regardless of sexual orientation.

The privileged axes of the analysis were:

the affective-sexual paths, experiences, which involve some kind of violent action in the relationship and the measures taken toward conflicts. The results of the research unveil that aggressions between couples are naturalized in daily life and reinforce the victim and aggressor dichotomy; that is, multiple statements involving some type of aggression were not classified as violent, but rather as negative experiences. The adolescents who were surveyed do not usually seek help towards such situations, as well as they do not signify certain experiences as violence, the fear of moral judgments produces a selection of what may or may not be told to peers or the family, therefore, they tend to deal with these conflicts by their own. The reproduction of gender social standards, especially in dating and "seeing someone" experiences, contributes to the maintenance of hierarchies and inequalities, which affect girls and boys in different ways. The silencing on the subject contributes to the violence’s invisibility in dating and "seeing someone". In a context of aggravating homogenization and control of sexuality and gender within the school environment, making the violence visible in dating might be considered as one more "problem" to be watched over, rather than contributing to the recognition of the adolescent as a person entitled to have rights. In other words, these observations bring to light the relevance of the problematization regarding the dichotomy between autonomy and tutelage, according to the state's logic of intervention regarding teenage sexuality and gender public policies, and regarding a particular political scenario, which attempts to undermine the dialogue on sexuality in the school environment. In short, the expansion of this dialogue arises as a challenge, in a sense that it contemplates reflections on violence in the affective-sexual relationships; and to expand qualitative studies, which make it possible to better understand this phenomenon

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