Representações de enfermeiros (as) da atenção primária à saúde sobre sexualidade no contexto da prevenção das infecções sexualmente transmissíveis/HIV
Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Enfermagem to obtain the academic title of Doutor. Leader: Freitas, Maria Imaculada de Fátima
No eixo da integralidade da atenção à saúde, a sexualidade é componente importante no cuidado prestado pelos profissionais, tanto individual como coletivamente. A abordagem da sexualidade é essencial para que os profissionais compreendam os modos como as pessoas, sob seus cuidados, bem como a população, interpretam o risco e a prevenção de doenças, relativos à saúde sexual, na amplitude do direito previsto nos ordenamentos do setor Saúde. No caminho contrário à lógica da integralidade do cuidado, ocorre o incipiente enfoque da sexualidade no cotidiano dos serviços, inclusive na assistência de enfermagem. Tal fragilidade justifica a necessidade de investigação sobre os processos que orientam as práticas dos enfermeiros e que dificultam a inserção das questões da sexualidade nas práticas assistenciais. O objetivo geral do estudo foi compreender representações de enfermeiros(as) da atenção primária à saúde sobre sexualidade, no contexto da prevenção das IST/HIV, e os objetivos específicos foram: 1/Interpretar as representações sobre sexualidade a partir das narrativas de vivências pessoais e profissionais de enfermeiros(as); 2/ Analisar a presença das representações sobre sexualidade na prática profissional relacionada à prevenção das IST/HIV. Trata-se de estudo qualitativo, ancorado na Teoria das Representações Sociais, na vertente proposta por Alain Giami, e na Teoria dos Roteiros Sexuais, proposta por John Gagnon. A coleta de dados foi desenvolvida por meio de 35 entrevistas com enfermeiros(as) da Estratégia de Saúde da Família de Campina Grande-PB, Brasil, com questões para caracterização dos participantes e a seguinte questão central: “Fale-me sobre sexualidade e as IST/HIV, a partir das suas experiências. Conte-me o que quiser e como quiser”.
Os mesmos profissionais foram convidados a participar de grupos focais para discussão da seguinte questão:
“Como são tratadas questões que envolvem a sexualidade nas práticas de saúde no contexto profissional?” Foram inseridas questões de relance, quando os assuntos surgidos não foram abordados de forma aprofundada pelo entrevistado ou pelo grupo, que foram realizados com 21 profissionais. Os dados foram organizados com auxílio do software MAXQDA® Standard 12. A análise fundamentou-se na Análise Estrutural de Narração.Resultados:
A análise das trajetórias dos participantes permitiu a identificação de roteiros de sexualidade na infância, na adolescência e na formação, marcados por estereótipos, que resultaram em obstáculos às práticas de prevenção das IST/HIV. As interpretações dos enfermeiros(os) se organizam em torno de representações de sexualidade como sinônimo de sexo e práticas sexuais e de estereótipos de gênero e de sexualidade, os quais fazem parte do imaginário social, dificultam a abordagem sobre o tema, tornando-o ausente nas intervenções em saúde na APS. As representações sobre prevenção das IST/HIV estão firmadas nas representações da doença e em estereótipos de gênero e sexualidade que dificultam a comunicação com usuários(as) e implicam em práticas restritas tanto em relação ao público, quanto às estratégias implementadas. Verificou-se que enfermeiros(os) que tiveram aprendizados culturais que cooperaram para romper com mitos e tabus da sexualidade, ao menos em parte, desvelaram disposição diferenciada e inserção da abordagem sobre as práticas sexuais e IST/HIV com usuários(as) nos serviços. Conclui-se que as representações sobre sexualidade, construídas ao longo da vida, seguem roteiros que se traduzem como barreiras para a comunicação sobre sexualidade e para a prevenção das IST/HIV na atenção primária. Os resultados mostraram a necessidade de mudanças na prática de enfermagem para inserção das temáticas da sexualidade e da saúde sexual como essenciais para atenção integral em saúde. Apontou-se como necessário o investimento em processos que considerem as subjetividades dos enfermeiros e que desconstruam estereótipos presentes nas interpretações e práticas profissionais, resultando na melhoria na prevenção das IST/HIV.(AU)
In the axis of integrality of health care, sexuality is an important component in the care provided by professionals, both individually and collectively. The sexuality approach is essential for health practitioners to understand the ways in which caregivers as well as the population interpret the risk and prevention of diseases related to sexual activity and sexual health in the breadth of the law provided for regulations of the health sector. On the contrary way to the logic of integral care, there is the incipient focus of sexuality in the daily life of services, including nursing care. This fragility in health care justifies the need to investigate the processes that guide nurses' practices and that make it difficult to introduce sexuality issues in care practices. In this study, we sought to explore the gap in primary health care in the field of STI / HIV prevention and control. The general objective of the study was to understand the representation of primary care nurses on sexuality, especially in STI/ HIV care, and the specific objectives were 1/ To interpret the representations about sexuality from Nurses’ narratives about personal and professional experiences; 2/ To analyze the presence of these representations in the primary health care, in relation to the prevention of STI/HIV, from nurses’ viewpoint. This is a qualitative study, anchored in the critical axis of the Theory of Social Representations, based on the perspective proposed by Alain Giami, and in the Sexual Script Theory, proposed by John Gagnon. For data collection it has been carried out 35 interviews with Nurses of the Family Health Program of the city of Campina Grande (Paraíba, Brazil) with questions to characterize the participants and the following central question: "Tell me about sexuality, based on your life experiences, including professionals. Say what you think the way you want", the same professionals has been invited to participate in the focus groups with the following central question: "How are issues that involve sexuality in health practices in the professional context?" Questions were inserted at a glance when the issues raised were not dealt with in depth by the interviewee or the group, with 21 participants. The data were organized by using the software MAXQDA® Standard 12. The analysis was based on Structural Analysis of Narration.