Este estudo objetivou conhecer como cuidadores de idosos fazem uso do tempo no cotidiano de trabalho e para seu autocuidado no contexto do território sob responsabilidade de uma Unidade de Atenção Primária à Saúde no município de Porto Alegre/RS. Em virtude do envelhecimento populacional e de novos arranjos familiares, a demanda por profissionais que prestam cuidados domiciliares aos idosos vem aumentando, visto que muitos deles apresentam doenças crônico-degenerativas, com comprometimento da sua autonomia e independência funcional, gerando a necessidade de cuidados especiais em caráter continuado. Os cuidadores de idosos, sejam eles familiares ou contratados, podem vir a negligenciar sua própria saúde, uma vez que seu tempo está tomado em função do outro. Este fato evidencia a necessidade de conhecer suas necessidades, visto que sua qualidade de vida gera reflexos diretos sobre os idosos sob seus cuidados, pois o desgaste físico e emocional pode transformá-los em um doente em potencial. Segundo dados do sistema de informações do Grupo Hospitalar Conceição (SIS/SSC/GHC), em junho de 2017 havia 5.206 usuários cadastrados na área de abrangência objeto deste estudo. Destes, 1.343 (25,79% do total de usuários) eram idosos acima de 60 anos, distribuídos em quatro áreas de vigilância. Para este estudo, foram selecionados sete cuidadores de idosos, tanto familiares como contratados, atuantes nas áreas de vigilância do território sob responsabilidade da Unidade de Saúde. Foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa viabilizada mediante entrevista semiestruturada e análise temática dos dados. Concluiu-se que há um entrelaçamento entre os tempos do cuidado e os tempos do cuidador, em que cada entrevistado molda o seu tempo, dando formas e contornos na rotina diária do cuidado, de maneira singular, conforme o idoso sob os seus cuidados. (AU)