As transformações que acompanham o envelhecimento são mediações importantes na significação do glaucoma e, consequentemente, intervém no seu tratamento. O objetivo geral desse estudo foi obter subsídios para a prática educativa de enfermagem voltada para idosos portadores de glaucoma, visando à promoção de uma melhor qualidade de vida. Para tanto, foi preciso identificar e analisar os sentidos e significados da doença e da própria vida e a relação entre eles, utilizando-se como modelo teórico a perspectiva sócio-histórica de Lev S. Vygotsky. O estudo foi realizado com três sujeitos (um do sexo masculino e dois do sexo feminino), com idade superior a 60 anos, portadores de glaucoma e que faziam seguimento ambulatorial. Foi realizada uma entrevista individual com cada um e, posteriormente, uma entrevista grupal. A análise mostrou que os sujeitos, carentes de informações, buscam explicações para o glaucoma, tentando encontrar significados que melhor respondam a suas necessidades e motivações, e a sua afetividade. A motivação central que orienta o enfrentamento do glaucoma e do envelhecimento, e a significação desses fenômenos, é a esperança na cura da doença e o desejo de manter e de identificar para si e para os outros como ativos, independentes e que mantêm a autonomia, negando assim, os estereótipos de velhice que permanecem em nossa sociedade. A significação do glaucoma se desenvolve e se configura no decurso da própria constituição emocional e dasexperiências dos sujeitos, reestruturando a sua condição subjetiva e a realidade em que vivem. O encontro com os sujeitos, em momentos e situações distintas, mostrou como a retórica de seus discursos muda de acordo com a intersubjetividade estabelecida. Recomenda-se que nos programas de educação à saúde para idosos portadores de glaucoma não se pode menosprezar a sua capacidade cognitiva, ) mas considerar as suas individualidades, motivações e potencialidades para o cuidado com a saúde. Por outro lado, é preciso cuidado para não transformar a autonomia e a individualidade em individualismo, o que ocorre quando se acentua a subjetividade como qualidade independente da intersubjetividade face a face, culpabilizando o indivíduo pelo seu fracasso em cuidar de si e acentuando o descompromisso com a solidariedade.