Doenças infecciosas e suas correlações com indicadores socioeconômicos e demográficos: estudo ecológico em diferentes estados brasileiros

Publication year: 2017
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Carvalho-Costa, Filipe Anibal

No Brasil, as doenças infecciosas têm apresentado importante evolução em seus perfis epidemiológicos, e a população tem sofrido grandes oscilações demográficas nas últimas décadas. A concentração demográfica em um contexto de pobreza pode estar associada à expansão de algumas doenças. Partindo desta hipótese, o presente estudo avaliou, em uma abordagem ecológica, alguns indicadores socioeconômicos e demográficos de 1895 municípios brasileiros que compõem os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Acre e Pernambuco, onde as unidades do estudo foram os municípios. O período avaliado foi entre os anos 2001 a 2012. Consideramos como variáveis explicativas o índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM) o produto interno bruto per capita, a proporção de população vivendo em pobreza extrema e o coeficiente de Gini, também a incidência de infecção pelo HIV/AIDS nos municípios analisados para a tuberculose. Como variáveis resposta, consideramos as taxas de incidência anuais para tuberculose, hanseníase, sífilis congênita e dengue, além das taxas de mortalidade específicas para doença de Chagas. Aplicou-se a correlação de Spearman para as análises. Os resultados revelaram um padrão de maior acúmulo de riqueza e desenvolvimento nas cidades onde o IDHM se correlacionou positivamente com o PIB e o tamanho da população dos municípios
Também foi constatado menor proporção de pessoas vivendo em extrema pobreza nestas áreas, e uma tendência de forte urbanização das doenças infecciosas incluídas neste trabalho, com taxas de incidência aumentando ao longo da década analisada para estas cidades. Os resultados sugerem ainda que a concentração de renda, de infraestrutura e serviços, cria paradoxalmente condições para uma maior ocorrência de doenças infecciosas geralmente ligadas à pobreza com diferentes vias de transmissão, seja respiratória, sexual ou por vetores. Possivelmente os centros urbanos, por conterem aglomerados de moradias precárias e grande população carcerária, contribuem para este novo panorama epidemiológico das doenças aqui elencadas, embora apresentem melhores indicadores para qualidade de vida. De tal forma, que algumas infecções se apresentam como o novo desafio às políticas públicas de controle de doenças no ambiente urbano, como exemplo a sífilis congênita. Sugere-se então, abordagens e ações multidisciplinares voltadas para a prevenção da saúde da população em geral com foco na formação dos profissionais de saúde e educação. (AU)

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