Adesão do portador de transtorno mental ao uso de medicamentos no tratamento em saúde mental
Publication year: 2016
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Paraná to obtain the academic title of Doutor. Leader: Maftum, Mariluci Alves
Estudo transversal, realizado de abril a junho de 2014 em dois Centros de Atenção Psicossocial de Curitiba com 300 portadores de transtorno mental. O objetivo foi investigar a adesão do portador de transtorno mental ao uso de medicamentos no tratamento em saúde mental. Os dados coletados por meio de entrevista estruturada e consulta ao prontuário foram submetidos à análise descritiva e teste do Qui-quadrado e G de Williams com o auxílio do programa BioEstat®. A maioria dos entrevistados era do sexo feminino, com faixa etária de 40 aos 49 anos, solteiro, desempregado, dependente da renda familiar, com mais de oito anos de escolaridade. Tem-se que 32% usaram tabaco, 11% usaram álcool, 10% usaram drogas ilícitas no último ano e 61% tinham comorbidades clínicas. Houve predomínio dos participantes que perceberam seu estado de saúde como regular e tinham histórico familiar de transtorno mental. Do total de diagnósticos de transtornos mentais constantes no prontuário dos entrevistados, os prevalentes foram transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia e depressão. A maioria dos participantes tinha tempo de doença entre um e dez anos, estava em tratamento no serviço a menos de um ano, recebeu informações sobre o transtorno e os medicamentos por profissional de saúde, tinha histórico de tentativas de suicídio, necessitou de internação devido o transtorno mental e relatou não usar corretamente os medicamentos antes da internação. Houve predomínio dos que tinham prescrição de mais de três medicamentos para o tratamento do transtorno mental, ingeriam mais de cinco comprimidos por dia, sentiam-se motivados para o uso dos medicamentos e relataram participação da família na terapêutica medicamentosa. Foram considerados aderentes à terapêutica medicamentosa 51% dos participantes, os do sexo masculino aderiram 1,47 vezes mais comparados aos do sexo feminino (p=0,0006), quem no último mês obteve renda individual inferior a um salário mínimo aderiu 0,51 vezes menos em relação aos que receberam mais de 2,5 salários mínimos (p=0,0227), aqueles sem histórico familiar de transtorno mental aderiram 1,34 vezes mais comparados aqueles com histórico familiar (p=0,0100), os com percepção de saúde regular e ruim aderiram respectivamente 0,67 e 0,69 vezes menos comparados aos que tinham percepção de saúde muito boa (p=0,0143). Os entrevistados com depressão associada a outro transtorno mental aderiram 0,42 vezes menos (p=0,0415), os com esquizofrenia aderiram 1,52 vezes mais (p=0,0049) comparados aos que tinham outro diagnóstico, aqueles com menos de um ano de tempo de doença aderiram 1,74 vezes mais comparados aos que tinham mais de 10 anos de curso do transtorno (p=0,0292) e quem fazia tratamento no serviço há mais de dois anos aderiu 0,40 vezes menos em relação aos que faziam tratamento há menos de um ano (p=0,0103). Os entrevistados com histórico de tentativa de suicídio aderiram 0,68 vezes menos comparados aos que não tinham tentativas prévias (p=0,0008), aqueles que deixaram de tomar o medicamento alguma vez no último mês aderiram 1,74 vezes mais comparados aos que deixaram de tomar (p<0,0001) e os que a família participava do uso dos medicamentos aderiram 1,54 vezes mais em relação aos que a família não participava (p=0,0029). A adesão à terapêutica medicamentosa foi baixa entre os participantes, trata-se de processo dinâmico que requer acompanhamento minucioso e estratégias que promovam a adesão e a segurança do paciente.
Crosscut study, held with 300 sufferers of mental disorders at two Psychosocial Centers in Curitiba/Paraná State, Brazil, between April and June of 2014. It objectified to investigate mental sufferers' adherence to the use of medication in mental health treatment. Data collection was carried out by means of semi-structured interview and consultation to medical records, being submitted to descriptive analysis, Chi-square and G-tests, Williams correction, with BioEstat® program. Most interviewees were female, between 40 and 49 years old, single, unemployed, dependent on their family income, and over eight years of schooling. 32% used tobacco, 11% used alcoholic beverages, 10% used illegal drugs along the past year, and 61% had clinical comorbidities. There was prevalence of participants who perceived their health status as regular and had family history of mental disorder. From the total of mental disorders in the interviewees' records, bipolar affective disorder, schizophrenia and depression prevailed. Most participants were mentally ill between one and ten years, were undergoing treatment in the Center for less than a year, were informed about the disorder and medication by a health professional, had a history of suicide attempts, needed hospitalization due to the mental disorder, and reported not to take the medication correctly before hospitalization. There was prevalence of those who had over three drugs prescribed to treat their mental disorder, took over 5 pills a day, felt motivated to use the medication, and reported family participation in the drug therapy. 51% of the participants complied with the drug therapy, males complied 1.47 times more than females (p=0.0006), the ones with individual income of less than a minimum wage had .51 times less adherence compared to those who earned over 2.5 minimum wages (p=0.0227) during the past month, those without family history of mental disorders complied 1.34 times more compared to those with family history (p=0.0100), those who perceived their health as regular or poor had respectively .67 and .69 times less adherence compared to those who had health perception as very good (p=0.0143). The interviewees suffering from depression associated with another mental disorder had .42 times less adherence (p=0.0415), the ones with schizophrenia complied 1.52 times more (p=0.0049) compared to those who had another diagnosis, the ones suffering less than a year complied 1.74 times more compared with those who suffered from the disorder for over 10 years (p=0.0292), and the ones undergoing treatment in the center for over two years complied .40 times less in relation to those who underwent treatment for less than a year (p=0.0103). The interviewees with a history of suicide attempt had .68 times less adherence compared to those who did not have any previous attempts (p=0.0008), those who did not take the medication some time during the past month complied 1.74 times more compared to the ones who discontinued it (p< 0.0001), and the ones with a participating family in the drug therapy had 1.54 times more adherence in relation to those whose family did not participate (p=0.0029). Adherence to drug therapy was low among the participants. It is a dynamic process requiring close monitoring and strategies policies which promote patients' adherence and safety.