Avaliação da atenção perinatal em maternidades de risco habitual em município do Sul do Brasil

Publication year: 2014
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Paraná to obtain the academic title of Mestre. Leader: Wolff, Lilian Daisy Gonçalves

A qualificação do atendimento perinatal figura como meta nacional no Brasil. Realizou-se pesquisa de avaliação normativa, transversal, retrospectiva e de abordagem quantitativa com objetivo de avaliar a Atenção Perinatal em maternidades de risco habitual em um município do Sul do País, à luz das Boas Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento. Utilizou-se o Escore de Bologna, que congrega cinco práticas já recomendadas pela OMS, pontuando 1 se presente e 0 se ausente, sendo a somatória dessas cinco notas a qualidade da assistência. Dados de identificação da mulher, clínicos/obstétricos e da assistência realizada durante o período perinatal foram coletados em prontuários de puérperas atendidas em três maternidades de Curitba-PR no ano de 2013. Aplicou-se técnica de auditoria em 406 prontuários. Os dados foram tabulados em planilhas eletrônicas e submetidos à análise descritiva univariada e de frequências. Constatou-se ausência de determinados registros. Apenas práticas como monitoramento fetal intermitente (98,8%), uso do partograma (97%) e uso de uterotônico no pós-parto imediato (62,1%) convergiram com as recomendações da OMS. Práticas prejudiciais que devem ser eliminadas foram frequentes, como o uso de enema (46,6%), tricotomia (46,8%), infusão de ocitocina de rotina (55,2%) no trabalho de parto, do uso liberal de episiotomia (58,6%; n=266) e o do uso rotineiro de ergometrina (68,7%; n=252) no terceiro estágio do trabalho de parto. Nas práticas frequentemente realizadas de modo inadequado, destacam-se a restrição hídrica e alimentar (86,3%; n=182), exames vaginais repetidos em até duas horas (65%) e adesão rígida de período de tempo de até uma hora para o segundo estágio do trabalho de parto (93,4%; n=228). O controle da dor por analgesia (7,9%) e o monitoramento fetal contínuo (11,1%) foram pouco registrados, corroborando com o recomendado. Na aplicação do Escore de Bologna, os resultados encontrados (notas 3 e 4 com frequências de 12,1% e 2,5%, respectivamente) demonstram o déficit na assistência. Com relação à conduta realizada nos serviços de assistência ao parto, a alta frequência da utilização de procedimentos invasivos, como ruptura de membranas (58%; n=176) e a ausência de registro de avaliações importantes, como dinâmica uterina (36,5%) e plano de DeLee (69%), sugerem a não utilização das recomendações. A pesquisa alcançou o objetivo almejado. Foram descritas limitações da Atenção Perinatal praticada nas maternidades e potencialidades para obtenção da qualidade da assistência e, consequentemente melhores indicadores de mortalidade materno-infantis. O uso do Escore de Bologna pelos serviços deve ser encorajado, a fim de estimar de forma simples e prática a qualidade do processo de assistência ao parto. Os resultados apontam que as três maternidades necessitam envidar esforços para alcançar padrões de qualidade segundo o modelo de atenção preconizado pela Rede Cegonha e Organização Mundial da Saúde. A adoção de medidas intersetoriais, ações em rede e inserção do Enfermeiro Obstetra no atendimento ao parto são possibilidades viáveis neste sentido.
The qualification of perinatal care is a national goal in Brazil. A normative-evaluation and cross-sectional research, of retrospective in a city in the south of the country, by the light of the Attention to Labor and Delivery Good and quantitative approach was developed in order to evaluate the Perinatal Care in usual risk maternities Practices. The Score of Bologna was used, which comprises five practices already recommended by WHO - scoring 1 if present and 0 if absent, being the result of the sum of these five notes related to the quality of care. Woman identification data, clinical / obstetric and assistance provided during the perinatal period were collected from medical records of mothers attended in three hospitals in the year 2013. The audit technique was applied in 406 records. Data were tabulated in spreadsheets and submitted to univariate descriptive analysis and frequency. It was found absence of certain records. Only practices as intermittent fetal monitoring (98.8%), use of the partographs (97%) and use of uterotonics in the immediate postpartum period (62.1%) converged with the WHO recommendations. Harmful practices to be eliminated were common, as the use of enema (46.6%), shaving (46.8%), routine oxytocin infusion (55.2%) in labor, the liberal use of episiotomy (58.6%; n = 266) and the routine use of ergometrine (68.7%; n = 252) in the third stage of labor. Practices often done improperly included dietary restriction and water (86.3%, n = 182), vaginal examinations repeated within two hours (65%), rigid adherence to one hour time period for the second stage of labor (93.4%, n = 228). The control of analgesia for pain (7.9%) and continuous fetal monitoring (11.1%) were poorly recorded, confirming the recommended. In applying the Score of Bologna, the results (notes 3 and 4 with frequencies of 12.1% and 2.5%, respectively) show the deficit on the process. Regarding the conduct performed in delivery care services, the high frequency of invasive procedures such as rupture of membranes (58%; n = 176) and the absence of record of important data as uterine activity (36.5% ) and DeLee plan (69%), suggest the hospitals are not using the recommendations. The research achieved the main objective. Limitations of Perinatal Care practices in hospitals and potentials have been described for obtaining the quality of care and therefore better maternal and child mortality indicators. Using the Score of Bologna for the services should be encouraged in order to estimate a simple and practical way the quality of delivery care process. The results show that the three hospitals require efforts to achieve quality standards according to the model advocated by the Rede Cegonha, in Brazil, and World Health Organization. The adoption of intersectoral measures, network shares and insertion of the Nurse Midwife in delivery care are possibilities viable in this regard.

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