Aplicação dos escores MEWS (Modified Early Warning Score), MEDS (Mortality in Emergency Department Sepsis) e Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) para classificação da gravidade dos pacientes internados em uma enfermaria de doenças infecciosas
Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas to obtain the academic title of Mestre. Leader: Japiassú, André Miguel
A utilização de escores como ferramentas para prognóstico dos pacientes internados é um mecanismo na gestão das unidades de saúde e pode aumentar a segurança e qualidade do atendimento. O objetivo do presente estudo foi avaliar a a associação entre os escores Modified Early Warning Score (MEWS), Mortality in Emergency Department Sepsis (MEDS) e Sequential Organ Failure assessment (SOFA) e a necessidade de internação na UTI e mortalidade hospitalar em uma coorte de pacientes internados em um hospital especializado em doenças infecciosas. Trata-se de estudo observacional, tipo coorte retrospectiva, onde foram incluídos 562 pacientes provenientes do pronto-atendimento e ambulatórios, durante 17 meses. Os pacientes tiveram seus dados coletados na admissão (D0) e foram reavaliados no terceiro (D3) e sétimo dias (D7). Os sistemas respiratório (29,5%) e neurológico (19,4%) representaram quase 50% do total de diagnósticos de admissão. Infecção pelo HIV/AIDS e Hipertensão Arterial Sistêmica foram as comorbidades mais presentes, respectivamente 65,3% e 12,5%. Ocorreu internação na UTI em 15,8% dos casos e a mortalidade hospitalar foi de 6,9%. O aumento do SOFA no terceiro dia de internação refletiu significativamente a chance de internação em UTI (OR 1,68; IC 95%; 1,01- 2,79) e a mortalidade ( OR 2,43; IC 95%; 1,16-5,09). Pacientes com ponto de corte de 5 e 6 para o MEWS no D0, tiveram mais chance de internar em UTI (OR 4,39; IC 95%; 2,67-7,23) e de morrer (OR 4,40; IC 95%; 2,09-9,24)
O melhor ponto de corte para o MEDS na admissão hospitalar foi de 10 pontos para internação (OR 4,79; IC 95%; 2,60-8,83) e 8 pontos para mortalidade (OR 4,64, IC 95%; 2,39-9,04. Escores SOFA de 2 pontos ou mais no D0 se associaram positivamente à internação na UTI (OR 2,79; IC 95%; 1,72-4,46) e 3 pontos ou mais à mortalidade hospitalar (OR 3,72; IC 95%; 1,92-7,19). O escore SOFA no D3 é o que detém melhor acurácia em predizer internação na UTI (AUROC 0,696; IC 95%; 0,636-0,756), seguido do MEWS (AUROC 0,684; IC 95%; 0,624-0,744) e é um bom preditor para mortalidade hospitalar (AUROC 0,740; IC 95%; 0,648-0,832), seguido do MEDS (AUROC 0,727; IC 95%; 0,649-0,806). No grupo de pacientes com infecção aguda (N=358, 64%), a acurácia para internação em UTI foi maior com MEDS (AUROC 0,693), seguido do MEWS (AUROC 0,687); para mortalidade hospitalar o MEWS teve bom desempenho (AUROC 0,738), superando o MEDS (AUROC 0,727). Concluímos que os escores utilizados identificaram com boa precisão a gravidade dos pacientes admitidos na unidade, sendo uma ferramenta clínica capaz de prever a internação na UTI e a mortalidade hospitalar. Identificamos que cortes de 5 pontos para o MEWS e 8 pontos para o MEDS na admissão hospitalar, são os que apresentaram melhores resultados quanto aos desfechos de internação em UTI e mortalidade. Escores MEWS e MEDS superaram qSOFA com relação à gravidade dos pacientes que internaram com infecção aguda. (AU)