Nova proposta para o tratamento da Leishmaniose tegumentar usando antimoniato de meglumina e oxiranos em associação

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Alves, Carlos Roberto

Esta tese porpõe uma nova abordagem para o tratamento da leishmaniose tegumentar com o antimoniato de N-metilglucamina (antimoniato de meglumina - AM) associado a dois derivados oxiranos. O estudo foi conduzido em modelo murino de infecção in vitro e in vivo por Leishmania (Leishmania) amazonensis. Na primeira etapa do estudo foram descritas alterações histológicas causadas por epoxi-α-lapachona, epoximetil-lausona e AM em camundongos BALB/c não infectados, bem como a predição de algumas de suas propriedades farmacocinéticas. Os resultados indicaram que tanto os oxiranos quanto o antimoniato de meglumina induzem alterações histopatológicas nos órgãos analisados. O epoximetil-lausona foi o mais tóxico para o tecido pulmonar, enquanto os danos mais graves no coração foram causados pelo epoxi-α-lapachona. O AM causou alterações leves a moderadas nos tecidos cardíacos e pulmonares, mas sem qualquer efeito detectado nos tecidos cerebrais. Na segunda etapa foi necessário avaliar a eficácia do epoximetil-lausona sobre a infecção de macrófagos e camundongos BALB/c infectados por L.(L.) amazonensis. Em amastigotas intracelulares, o IC50 do epoximetil-lausona foi ligeiramente superior ao do AM (7,41 ± 0,2 e 4,43 ± 0,25 μM, respectivamente), sendo o efeito mais evidente após 48 horas de exposição (18 vezes e 7,4 vezes inferiores, respectivamente).
Os promastigotas também foram afetados pelo composto, porém o IC50 foi seis vezes maior (45,45 ± 5,0μM), indicando sua especificidade sobre os amastigotas intracelulares. A análise de citotoxicidade revelou que o epoximetil-lausona tem um efeito menor (1,7 ×) comparado ao AM (40,05 ± 3,0 e 24,14 ± 2,6 μM). O tratamento com três doses do epoximetil-lausona reduziu a lesão da pata dos animais infectados em 27 %, enquanto a redução obtida com o AM chegou a 31% nas doses baixa e intermediária, e 64% com a dose mais alta, comparado ao grupo controle. Alterações ultraestruturais detectadas nos amastigotas da lesão constataram comprometimento da integridade dos parasitos. Na etapa final deste estudo foi demonstrado o efeito do tratamento com o AM associado aos oxiranos epoxi-α-lapachona e epoximetil-lausona sobre a infecção experimental in vitro e in vivo. Os compostos foram testados individualmente e em combinações, seguindo as razões: 3:1; 1:1 e 1:3 (p/v) sobre macrófagos infectados. Todos os compostos, assim como suas combinações mostraram índices endocíticos muito inferiores ao grupo controle, sendo as maiores reduções obtidas nas razões de 3:1. O tratamento de camundongos BALB/c com os compostos individualmente e combinados nas mesmas razões levou a reduções significativas das lesões.

O melhor efeito das combinações foi observado nas razões de 3:

1. Os resultados indicaram que a associação do AM com os oxiranos produz um incremento no efeito leishmanicida, e pode ser considerada uma nova abordagem para o tratamento da leishmaniose cutânea. (AU)

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