Caracterização fisiológica e bioquímica dos efeitos da ingestão de açúcar em Rhodnius prolixus

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto OSwaldo Cruz to obtain the academic title of Mestre. Leader: Genta, Fernando Ariel

A doença de Chagas é uma infecção parasitária causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi e não existe vacina ou cura definitiva para essa enfermidade. Estima-se que essa doença afete 8 milhões de pessoas principalmente nas Américas, causando cerca de 13.000 mortes por ano. A transmissão pode ocorrer por via vetorial, transplacentária, congênita ou oral. Apesar da diminuição do número de casos de transmissão vetorial em países endêmicos, diversos surtos foram registrados recentemente no Brasil, Colômbia e Venezuela, associados à contaminação oral, principalmente pelo consumo de açaí, cana de açúcar, bacaba e goiaba contaminados. Os triatomíneos, principais vetores desse parasito, constituem um grupo numeroso e diversificado, sendo caracterizados como hematófagos obrigatórios. São descritas 148 espécies no mundo, sendo os principais vetores Triatoma infestans, Rhodnius prolixus, Triatoma dimidiata, Panstrongylus megistus e Triatoma brasiliensis. Os carboidratos são moléculas orgânicas e sua estrutura química é composta por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Açúcares desempenham diversas funções importantes, possuindo um papel nutricional para a manutenção da sobrevivência em insetos
Nesse trabalho, foram estudados os efeitos da alimentação açucarada sobre a fisiologia de Rhodnius prolixus. Assim, observamos que ninfas de primeiro ínstar possuem uma grande preferência por diferentes açúcares, com efeitos fisiológicos muito diferentes, em alguns casos com altas taxas de mortalidade. Todas as espécies de triatomíneos testadas ingeriram sacarose 0,292 M e apenas as do gênero Rhodnius ingerem caldo de cana e polpa de açaí. Verificamos que existe uma atividade basal de α-glicosidase, porém esta não é aumentada após alimentação com sacarose. A quantificação de carboidratos nas fezes sugere que a preferência por açúcares em triatomíneos não está ligada à coprofragia. Quanto à alta mortalidade vista em diversos experimentos, vimos que a sobrevivência não é afetada por um possível crescimento excessivo da microbiota no intestino dos insetos alimentados com açúcar. Descrevemos aqui o primeiro relato de ingestão por soluções açucaradas em diversas espécies de triatomíneos, que sempre foram considerados hematófagos estritos. A descrição de novas fontes de alimentação abre novas perspectivas para o estudo e controle da doença de Chagas. (AU)

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