Avaliação dos padrões imunológicos de cães imunizados contra leishmaniose visceral

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas to obtain the academic title of Doutor. Leader: Figueiredo, Fabiano Borges

No Brasil, a Leishmaniose visceral (LV) é causada por Leishmania infantum e tem como seu principal vetor Lutzomyia longipalpis, e o cão como reservatório no ambiente doméstico e peridoméstico. Na tentativa de interromper o ciclo de transmissão e diminuir a prevalência da LV, são recomendados o recolhimento e a eutanásia dos cães infectados por L. infantum. No entanto, essa prática parece não estar sendo efetiva para a diminuição do número de casos e para a preservação de áreas não endêmicas, o que causa grande incomodo social. Autores sugerem que uma das medidas eficazes para o controle da leishmaniose visceral canina (LVC) seria o desenvolvimento de uma vacina efetiva. No Brasil, existem duas vacinas anti- LVC (Leishmune® e a Leish-Tec®). Porém, o Ministério da Saúde não recomenda o seu uso como forma de controle da LV, uma vez que os estudos de eficácia ainda são preliminares. O objetivo deste trabalho foi avaliar os padrões imunológicos de 28 cães imunizados com as vacinas Leish-Tec® ou Leishmune®, acompanhados durante um ano após o protocolo vacinal e comparar com a resposta de 18 cães naturalmente infectados. A avalição de resposta humoral foi realizada por meio do estudo da soroconversão dos cães imunizados utilizando-se os testes DPP® LVC e ELISA LVC fornecidos pelo Ministério da Saúde, além da avaliação da indução de IgG total, IgG1 e IgG2 específicas para as proteínas indutoras de cada vacina FML (Leishmune®) e A2 (Leish Tec®) e ao extrato total de promastigota de L. infantum nos cães imunizados e naturalmente infectados
Por meio da técnica de citometria de fluxo foram avaliados os fenótipos de linfócitos T e linfócitos B ex vivo, no sangue periférico dos cães em diferentes tempos após a vacinação em comparação com cães naturalmente infectados. Foi avaliada também a produção de citocinas pelas células mononucleares do sangue periférico após estimulo com extrato total de promastigota de L. infantum pela técnica de Luminex®. Observamos que os cães vacinados, seja com Leishmune® ou Leish-Tec®, não soroconverteram com os testes do Ministério da Saúde, sugerindo que a metodologia com DPP- LVC e ELISA é sensível e específica, sendo capaz de discriminar os cães verdadeiramente positivos para LVC daqueles imunizados. O nível de reatividade no soro dos animais vacinados com Leishmune® ou Leish-Tec® frente ao FML e a proteína A2, respectivamente foram altos. Com relação a avaliação dos fenótipos celulares observamos que, os animais naturalmente infectados com sinais clínicos, apesar de possuírem um percentual mais elevado de linfócitos T CD8+ no sangue periférico, apresentam uma diminuição no fenótipo de células CD8+ ativadas (CD8+CD25+) quando comparados aos grupos imunizados. Quanto à produção de citocinas, foi observado que os cães imunizados ou naturalmente infectados produziram citocinas pró e anti-inflamatórias, mas que não se mantiveram por 12 meses. O padrão de resposta imunológica celular ou humoral foi semelhante nos cães vacinados com a Leishmune® ou Leish-Tec®, entretanto não há indícios suficientes, até o momento, para o uso das vacinas como controle da LV. Estudos com cães de áreas não endêmicas, com as vacinas estudadas e novas proteínas vacinais são fortemente recomendadas. (AU)

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