Se você está aqui, é porque eu existo: percepções múltiplas e deslocamentos do Sistema Único de Saúde no encontro com refugiados
If you are here, that means I exist: multiple perceptions and journeys/displacements of the Brazilian National Health System in its encounter with refugees

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social to obtain the academic title of Mestre. Leader: Batista e Silva, Martinho Braga

Essa dissertação teve como objetivo investigar as percepções de diversos atores sobre o acesso à saúde de pessoas em situação de refúgio em uma clínica da família (serviço de atenção básica) situada na zona norte do Rio de Janeiro – RJ. Essa região da cidade concentra um grande número de refugiados, de origem congolesa e angolana. Foram investigadas as percepções de gestores, trabalhadores, líderes comunitários e usuários-refugiados. A metodologia adotada é a etnografia, tendo sido realizadas, durante sete meses, observações participantes em visitas domiciliares, grupos de trabalho e eventos, que se somaram a entrevistas semi-estruturadas. As percepções dessas múltiplas vozes foram identificadas e comparadas, adicionando riqueza e complexidade ao estudo, destacando-se o especial acesso a líderes comunitários, incomum em pesquisas sobre o tema. Os resultados apontam que a demora no atendimento é a principal barreira de acesso colocada pelos usuários, do mesmo modo como o acesso a exames e consultas especializadas, enquanto o acesso aos medicamentos é amplamente destacado como aspecto positivo. Cabe destacar que refugiados relacionam suas dificuldades no acesso à discriminação por serem estrangeiros e negros, fatores que também atravessam todo seu processo de integração ao Brasil. Sobressaem-se nessa pesquisa as dificuldades e questionamentos colocados ao funcionamento do serviço a partir da presença de refugiados, assim como os conflitos causados por divergentes expectativas em relação ao atendimento e entendimentos sobre direito à saúde. Aparecem importantes estratégias criadas por trabalhadores e gerente para melhor acolher essa população, como um fluxo diferenciado, que leva em conta concepções mais amplas de território e saúde. Por fim, cabe destacar o impacto das diversas violências vivenciadas por refugiados em sua saúde, sejam estas causadas por situações de discriminação, negligência por parte das instituições de refúgio ou relacionadas às localidades onde habitam, parecendo ecoar violências vividas anteriormente em seu processo migratório
This thesis aims to explore the perception of diverse subjects about the access to health among persons on refugee situation on a primary health care center at the north side of Rio de Janeiro city. This area of the city concentrates a great number of refugees, from Congolese and Angolan origins. The perceptions of public managers, workers, community leaders and refugees-users were investigated. The methodological approach chosen was the ethnographic. During seven months, domiciliary visits, working groups and other events were followed, using participatory observation methods, as well as semi-structured interviews were conducted by the researcher. The perception of these multiple voices were identified and compared, generating a rich and complex study of the theme, with special remarks for the community leaders participation, uncommon on similar researches. The results indicate that the waiting time for treatment is the main access barrier referred by the users, as the access to exams and specialized appointments, while the access to medications is widely defined as positive. It is important to highlight that the refugees relate their hardships on the access with the discrimination linked to being foreigners and black, factors that also permeate all aspects of their adaptation process on Brazil. The presence of the refugees emphasizes the difficulties and questions about the health services operation, even as the conflicts caused for different expectations about the treatment and the understanding about the right to health. Important strategies were created by workers and the primary health service manager to better receive this population, like a different access flux, that uses a broad conception of territory and health. Finally, its necessary to focus on the impact of the myriad of violences lived by the refugees on their health, being them caused by discriminatory situations, negligence by the refuge institutions or related to the neighborhoods they live, echoing violences experienced before, on the migratory process

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