Estudo da interação molecular do anticorpo 19CC6CG2 com o antígeno HSBSAG por métodos computacionais
Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Mestre. Leader: Caffarena, Ernesto Raúl
A hepatite B é um problema de saúde global:
só no ano de 2015 foram quase 900 mil óbitos decorrentes de complicações relacionadas à infecção com o vírus HBV. No Brasil, a situação também é grave: no ano de 2000 até o ano de 2015 o número de óbitos atingiu 13 mil. O diagnóstico da doença e o tratamento dos pacientes crônicos podem ser feitos através do uso de imunoglobulinas que tem afinidade pelo antígeno de superfície do vírus, HBsAg. Portanto, estratégias que busquem diminuir os custos de produção de imunoglobulinas anti-HBsAg ou aumentar sua afinidade frente a este antígeno são desejáveis em âmbitos nacional e global. O estudo de biomoléculas através de técnicas computacionais tem produzido bons resultados, capazes de orientar estudos experimentais, economizando tempo e recursos e, frequentemente, resolvendo problemas biológicos. Dentre estas técnicas computacionais, destaca-se o cálculo de energia livre. A aplicação do cálculo de energia livre a complexos anticorpo-antígeno pode fornecer informações detalhadas sobre a afinidade do anticorpo frente ao antígeno. Neste trabalho, estudamos a interação do anticorpo 19CC6CG2, desenvolvido no Laboratório de Tecnologia de Anticorpos Monoclonais de Bio-Manguinhos, com o HBsAg através de duas técnicas de cálculo de energia livre: MM-PBSA e Adaptive Biasing Force
Embora a primeira técnica tenha fornecido um valor de ΔG de ligação de -12 kcal/mol, a análise mais robusta através do segundo método mostrou um ΔG de dissociação de -7,6 kcal/mol. Adicionalmente, foram propostas mutações na estrutura do anticorpo visando ao aumento da sua afinidade pelo antígeno. O anticorpo mutante foi então modelado in silico e a sua afinidade frente ao HBsAg foi mensurada através da técnica de ABF. Resultados preliminares mostraram um valor de ΔG de ligação de -4,2 kcal/mol. As mutações na estrutura do anticorpo favoreceram a formação de ligações hidrogênio e pontes salinas intermoleculares mais estáveis nas simulações de dinâmica molecular. No entanto, simulações mais longas e/ou o aumento da dimensionalidade do espaço através de variáveis coletivas no cálculo de ABF, podem melhorar a convergência do método, tornando evidente se as mutações aqui propostas são favoráveis à afinidade do anticorpo 19CC6CG2 contra o HBsAg. (AU)