Mais além da vida orgânica: a convivência como fator de prevenção do isolamento social dos idosos e de promoção de saúde

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Mestre. Leader: Santos, Nilton Bahlis dos

Introdução:

Entre as características marcantes da sociedade brasileira a partir de meados do século XX, o contínuo aumento da expectativa de vida opera mudanças no modo de vida social repleto de pessoas idosas que ultrapassam os 60 anos de idade e mostram que chegar à velhice não é a única meta: é preciso entender essa etapa da vida à luz da complexidade que nos cerca e transforma a maneira de ser velho. A percepção de que a convivência social diminui na velhice e afeta qualitativamente a vida dos idosos nos levou aos estudos integrantes desta pesquisa.

Objetivo:

Estudar as características da convivência na velhice.

Metodologia:

A pesquisa abrangeu quatro “pontos de observação” das formas que a convivência adquire na velhice. Cada ponto de observação suscitou processo investigativo próprio sobre a convivência, aportando diferentes contribuições, com um eixo comum: o espaço de fala dos idosos.

Resultados:

O primeiro ponto de observação, o artigo “Mobilização social e princípios de envelhecimento ativo como estratégias de redução de vulnerabilidade de pessoas idosas”, evidenciou que o engajamento dos idosos em pesquisas proporciona bem-estar passageiro que é extinto quando termina a oportunidade para que se expressem. No segundo ponto, a “Comunidade Virtual de Idosos: observações sobre o envelhecimento em um grupo público no Facebook”, o espaço ilimitado de fala dos idosos indicou o grande interesse na convivência em rede, gerador de um crescimento exponencial do número de participantes e de satisfação manifesta por muitos membros, concomitante à rejeição a situações de conflito
O terceiro ponto - intitulado “Relato de Experiência: Observação Participante em iniciativas de extensão universitária com idosos” - propiciou a análise de iniciativas de extensão universitária com participação de idosos como espaços para a convivência, aprendizagens, diversão e fonte de bem-estar. No quarto ponto de observação, o “Relato de Oficina: Eu jovem, não me preocupo com o envelhecimento”, um exercício de empatia do jovem com o idoso propõe a convivência e as relações intergeracionais, como preparação da velhice futura do jovem.

Considerações Finais:

Esta pesquisa permite constatar que o contato regular e contínuo entre pessoas idosas resgata a convivência como parte integrante de suas vidas, restabelece o senso comunitário e afeta os participantes de diferentes formas com efeitos de prevenção do isolamento do idoso e de promoção de sua saúde. Verificamos que (1) o engajamento de idosos em pesquisas acadêmicas exclui a possibilidade de vínculo; (2) as interações baseadas em senso comunitário são geradoras de vínculo e de enfrentamento dos conflitos inerentes aos relacionamentos criados; (3) a abertura da universidade aos idosos contribui para sua participação cidadã e (4) a convivência entre as gerações pode se realizar a partir da percepção dos jovens sobre o que caracteriza a velhice

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