Estudo de alterações celulares e moleculares em Leishmania (leishmania) infantum tratada com fármacos anti-histamínicos
Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the São Paulo (Estado) Secretaria da Saúde to obtain the academic title of Mestre. Leader: Samanta Etel Treiger Borborema
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa sistêmica, causada pelos parasitos protozoários do gênero Leishmania, endêmica em países tropicais e subtropicais. Por acometer principalmente populações de baixa renda em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, a leishmaniose se encaixa no perfil das doenças negligenciadas, em razão de seu baixo retorno financeiro para a indústria farmacêutica. Devido ao alto custo, restrições e efeitos colaterais dos atuais fármacos utilizados na terapêutica da leishmaniose, há a real necessidade de identificar e desenvolver novas alternativas como a de reposicionamento de fármacos, que se trata de uma nova indicação terapêutica para um fármaco já disponibilizado no mercado. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antileishmania de fármacos anti-histamínicos e identificar marcadores celulares e moleculares relacionados à resposta terapêutica, usando um sistema de infecção in vitro. Foram realizados em Leishmania (Leishmania) intantum: i) a triagem de quatro fármacos anti-histamínicos, sendo eles: cetirizina (CTZ), ciproeptadina (CPH), fexofenadina (FXF) e meclizina (MCZ); ii) o estudo das alterações celulares e moleculares com o fármaco cinarizina (CNZ) e os que apresentaram atividade contra a forma amastigota. Para isto, foi feito estudos de concentração efetiva 50% (CE50) em promastigota e amastigota de L. (L.) infantum, concentração citotóxica 50% (CC50) em células de mamífero e após foram analisadas a permeabilidade de membrana plasmática, o potencial de membrana mitocondrial, a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e a produção de tióis por meio de ensaios fluorimétricos e as ultra-estruturas celulares por microscopia eletrônica de transmissão e o perfil de expressão gênica por qPCR. Os resultados mostraram que CPH e MCZ apresentaram atividade antileishmania contra promastigotas, com CE50 de 7 e 22 μM, respectivamente. CPH e MCZ eliminaram os amastigotas, com CE50 de 30 e 35 μM, respectivamente. Os fármacos CTZ e FXF não apresentaram atividade contra ambas as formas do parasito. CNZ, CPH e MCZ provocaram em promastigota: i) alteração na permeabilidade da membrana plasmática; ii) despolarização do potencial de membrana mitocondrial, provocando danos celulares associados com o sistema bioenergético; iii) alteração no perfil de expressão gênica de 11 genes que codificam para diferentes funções celulares. Estes dados, além de apresentarem resultados direto para o tratamento das leishmanioses, com o desenvolvimento de novas alternativas, apresenta um grande potencial como sistema de avaliação de resposta terapêutica de vários tipos de fármacos.