Caracterização biológica do extrato de cerdas de Lonomia descimoni (Lepidópteros, Saturniidae) e eficácia da soroterapia no envenenamento experimental

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the São Paulo (Estado) Secretaria da Saúde to obtain the academic title of Mestre. Leader: Gonçalves, Luis Roberto de Camargo

Nas Américas são descritas ao menos 12 espécies de lagartas do gênero Lonomia. Destas, existem relatos de envenenamentos graves por contato com lagartas L. obliqua e L. achelous, caracterizados por síndrome hemorrágica, com coagulopatia de consumo, insuficiência renal aguda e, em alguns casos, hemorragia intracraniana e morte. No Brasil, o Instituto Butantan desenvolveu um antiveneno utilizando como antígeno o extrato de cerdas de lagartas L. obliqua. No entanto, esse antiveneno tem sido utilizado em outros países da América do Sul, como Peru, Guiana Francesa, Venezuela e Colômbia, no tratamento do envenenamento causado por Lonomia de outras espécies. Na Colômbia, estudos realizados com as espécies L. orientoandensis e L. casanarensis demonstraram que ambas possuem toxinas com atividades potencialmente capazes de causar acidentes característicos do lonomismo. Além destas lagartas, a L. descimoni ainda não teve suas toxinas caracterizadas quanto às suas atividades biológicas, ou a sua neutralização pelo soro antilonômico produzido no Brasil, sendo este o objetivo desse trabalho. Foram avaliadas as atividades coagulante, fosfolipásica, hialuronidásica e desfibrinogenante, sempre comparando-se com as mesmas atividades presentes no extrato obtido de lagartas L. obliqua. Foi também determinado o reconhecimento imunológico e o poder neutralizante do soro antilonômico. Os resultados demonstraram que o extrato de L. descimoni possui ação coagulante, fosfolipásica e hialuronidásica, porém significantemente menos intensas que as observadas no extrato de L. obliqua. Além disso, o extrato de L. descimoni não possui atividade fibrinolítica. Quanto à ação desfibrinogenante, o extrato de L. descimoni foi capaz de induzir envenenamento experimental, com queda nos níveis de fibrinogênio e com hemoglobinúria apenas quando foi injetado pela via intravenosa nos ratos. O extrato de L. obliqua causa esses mesmos efeitos quanto injetados nos animais pela via intradérmica. O soro antilonômico reconheceu as toxinas presentes no extrato de L. descimoni e neutralizou a atividade coagulante desse extrato. Nossos resultados indicam que as lagartas Lonomia descimoni possuem toxinas com atividades mais fracas que as da L. obliqua, porém com potencial de causar envenenamento. Ademais, o soro antilonomico foi capaz de reconhecer e neutralizar as proteínas presentes no extrato de L. descimoni.

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