Hepatite E em pacientes imunocomprometidos e imunossuprimidos

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Paula, Vanessa Salete de

O vírus da hepatite E (HEV) é o agente etiológico de hepatite humana mais recentemente descrito no Brasil, sendo responsável por hepatite crônica e cirrose em indivíduos imunocomprometidos. Como grupos imunossuprimidos relevantes, temos os doentes renais crônicos dependentes de hemodiálise (HD), um grupo cada vez maior e mais exposto a infecções por HEV. Além destes pacientes HD, temos os transplantados renais, um grupo também crescente no Brasil, para o qual o tacrolimo é incluído como protocolo imunossupressor e conhecido por estimular a replicação do HEV em receptores de órgãos. Assim, entender a influência da terapia com tacrolimo na prevalência de infecção por HEV em pacientes transplantados renais é fundamental para a adoção de medidas preventivas específicas. No entanto, dados consistentes não estão disponíveis sobre estas prevalências de HEV em populações imunocomprometidas no Brasil. Assim, a prevalência de HEV foi investigada em amostras de soro de 280 pacientes HIV positivos do Rio de Janeiro e em amostras de plasma de 286 pacientes HD do sudeste e nordeste do Brasil, 316 transplantados renais do Centro-Oeste em colaboração com a Universidade Federal de Goiás e em 50 doadores de sangue do HEMORIO. Além disso, 50 pacientes transplantados renais foram acompanhados durante 01 ano (t= 0, 3, 6, 9, 12 meses) após o transplante e início da imunossupressão, totalizando em 250 amostras de plasma. Todas as amostras foram analisadas quanto a presença de anticorpos anti-HEV IgG e à detecção de RNA genômico do HEV (HEV-RNA). A soroprevalência encontrada entre os pacientes em hemodiálise foi de 24,48%, considerada média em relação a pacientes HD descritos na literatura e alta em relação à população geral
Fatores como baixa renda familiar e longos períodos em hemodiálise representaram tendências em relação à presença de anticorpos anti-HEV IgG. Além disso, níveis mais baixos de fosfato foram associados como fatores de risco para positividade para anti-HEV IgG. No grupo de transplantados do Centro-Oeste, a soroprevalência encontrada foi de 2,5% sem diferenças epidemiológicas relevantes entre os grupos anti-HEV positivo e negativo e sem fatores de risco associados. No grupo de transplantados renais acompanhados por um ano, foi encontrada prevalência de 16% (8/50) no primeiro momento da coleta (t = 1 mês) e prevalência de 20% (10/50) no último momento do estudo (t = 12 meses), sugerindo a conversão de dois pacientes no intervalo de 1 ano após o transplante. Finalmente, entre os doadores de sangue a prevalência foi de 6% (3/50). Entre pacientes HIV positivos, a prevalência encontrada foi de 0%, neste grupo o HEV-RNA foi detectado em 3,6% dos pacientes, enquanto esta detecção não ocorreu nos outros grupos estudados. Esses resultados mostram como a prevalência do HEV pode variar de acordo com a região estudada e com o grupo estudado, sendo especialmente importante entre pacientes dependentes de hemodiálise e transplantados. Além disso, nossos resultados justificam e reforçam o monitoramento constante e a aplicação de medidas preventivas destes grupos e de doadores de sangue, cujas bolsas poderão ser aplicadas em pacientes de risco para o desenvolvimento de hepatite E crônica. (AU)

More related