Hospitalizações e mortalidade por esporotricose no Brasil com ênfase no estado do Rio de Janeiro: uma análise de 25 anos

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Mestre. Leader: Galhardo, Maria Clara Gutierrez

A esporotricose é uma micose subcutânea de distribuição global e, em geral, os pacientes são tratados ambulatorialmente. Fora do Brasil, o maior surto relatado na literatura ocorreu na África do Sul, acometendo mais de 3.000 indivíduos, com 5 casos graves. No Brasil, os relatos e séries de casos concentram-se nas regiões sul e sudeste. Desde o final da década de 1990, é observado um aumento nos casos dessa doença no estado do Rio de Janeiro, principalmente por transmissão zoonótica envolvendo gatos infectados, além de incremento constante da coinfecção com o HIV, com aumento das hospitalizações e dos óbitos. O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), centro de referência no diagnóstico, tratamento e pesquisa desta micose, tem funcionado como unidade sentinela no acompanhamento e combate à progressão da hiperendemia. Este estudo avaliou dados de 25 anos, de bancos de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e prontuários do INI. Foram estudadas 782 hospitalizações do Brasil, entre 1992 e 2015, e 65 óbitos, entre 1991 e 2015. Em 6,0% das hospitalizações e 40,0% dos óbitos, o HIV estava associado. No estado do Rio de Janeiro, ocorreram 250 hospitalizações e 36 óbitos
Observou-se um aumento progressivo no número de hospitalizações e óbitos em todo o país, de forma mais expressiva no estado do Rio de Janeiro. Destacaram-se pelo número de hospitalizações, além do Rio de Janeiro, os estados de São Paulo e Goiás, este último sem relatos na literatura de surtos ou áreas hiperendêmicas de esporotricose humana. O INI foi responsável pelo diagnóstico de 4.517 pacientes nesse período, 75 foram hospitalizados 118 vezes e 11 evoluíram a óbito. Eram coinfectados pelo HIV, 38,7% dos hospitalizados e 54,5% dos que evoluíram a óbito. A razão de chances de um paciente coinfectado em relação a um não coinfectado no INI ser hospitalizado foi igual a 66 e de morrer foi 81,9. Além disso, observou-se aumento no número de casos notificados no estado do Rio de Janeiro, chegando a 7.897. Ocorreu expansão da doença ao longo dos anos estudados além do “cinturão” previamente descrito, principalmente para a zona oeste da capital, Baixada Fluminense e espalhamento da micose para o restante do estado. Os homens, não brancos, com baixa renda familiar e baixa escolaridade foram os mais frequentes entre os hospitalizados e óbitos. Conclui-se que a esporotricose é causa de hospitalizações e óbitos em todo o território nacional e, no Rio de Janeiro, permanece em expansão, sendo observada uma população mais vulnerável que vem sendo exposta ao fungo, levando ao aumento da morbimortalidade. (AU)

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