Investigação do vírus zika e outros flavivírus em animais silvestres no centro-oeste do Brasil

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Mestre. Leader: Santos, Flavia Barreto dos

À exceção dos estudos sobre o vírus da febre amarela em primatas não humanos (PNH) no Brasil, estudos sobre outros flavivírus em diferentes espécies silvestres de vida livre no país, são escassos. Neste sentido, como parte de um estudo de ecologia do vírus Zika (Zika virus ou ZIKV) do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) na América do Sul, uma investigação sobre o ZIKV e outros flavivírus foi conduzida em animais silvestres capturados entre 2017 e 2018, em área metropolitana de Cuiabá e Campo Grande, na Região Centro-Oeste do Brasil. Amostras de sangue foram coletadas de 685 indivíduos hígidos de vinte espécies, comumente observadas em parques locais, incluindo mamíferos (N = 372), répteis (N = 213) e anfíbios (N = 100). Amostras de sangue total foram submetidas à extração de ácido ribonucleico (RNA), seguida de reação em cadeia da polimerase em transcrição reversa (RT-PCR) em tempo real para o gênero flavivírus. As amostras positivas foram então confirmadas através de RT-PCR específica para ZIKV e sequenciamento nucleotídico. Um total de 43 (6,3%) amostras foi positivo no RT-PCR para flavivírus e negativo no RT-PCR específico para ZIKV. Todas as 43 amostras positivas para RT-PCR de flavivírus foram submetidas ao sequenciamento nucleotídico, mas nenhuma apresentou similaridade às sequências de nucleotídeos ou proteínas de flavivírus, disponíveis na ferramenta básica de busca de alinhamento local (BLAST).
Dos 685 animais testados por RT-PCR, 174 (25,4%) tiveram amostras de plasma também submetidas ao teste de neutralização por redução de placas (PRNT90) para detecção de anticorpos neutralizantes para ZIKV. Das 174 amostras testadas, sete (4%) foram sororeativas (PRNT90 título ≥10), incluindo três capivaras x (Campo Grande), um morcego (Cuiabá), um quati (Campo Grande), um gambá (Cuiabá) e um macacoprego (Campo Grande), todos capturados em 2017. Os resultados encontrados no presente estudo sugerem ausência de infecção aguda, mas potencial exposição ao ZIKV de animais silvestres de vida livre capturados em área metropolitana de Cuiabá e Campo Grande, entre 2017 e 2018. Mais estudos são necessários, incluindo análises de diferentes tipos de amostras de cada indivíduo, bem como a pesquisa de anticorpos neutralizantes para outros flavivírus para descartar reações heterólogas e confirmar exposição ao ZIKV de animais silvestres da Região Centro-Oeste do Brasil. (AU)

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