Narrativas de vida de mulheres com fibromialgia: autogerenciamento da dor crônica

Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Mestre. Leader: Berardinelli, Lina Márcia Migueis

A Fibromialgia é uma doença crônica, de etiologia multifatorial complexa cujo principal sintoma é a dor física. No entanto, as repercussões são imensuráveis, causando transtornos psíquicos, emocionais, cognitivos e limitações no cotidiano das pessoas, que passam a viver em função da doença e do tratamento, se abstendo da vida funcional. Portanto é fundamental a compreensão de que é possível, não apenas ter o controle da situação, mas também gerenciar a própria dor, entendendo como e quando ela se desencadeia, prevenindo o aparecimento, investindo no autocuidado, prezando a conscientização corporal, mudanças nos hábitos de vida, levando em consideração a cultura, o contexto em que vivem e a visão de mundo.

Objetivo geral:

analisar a experiência de mulheres que vivenciam a Fibromialgia em relação ao estilo de vida e suas repercussões no autogerenciamento cotidiano da dor.

Objetivos específicos:

Identificar nas narrativas de vida de mulheres com Fibromialgia situações que expressem as experiências de dor; descrever as atividades relacionadas à cultura e transformações do estilo de vida; discutir recursos para o autogerenciamento da dor a partir da perspectiva transcultural. Utilizou-se como referencial teórico o Cuidado Transcultural de Madeleine Leininger. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, guiada pelo método Narrativas de Vida, desenvolvida em 2019, com 14 mulheres que vivenciam a fibromialgia, integrantes do grupo interdisciplinar de tratamento e acompanhamento no Laboratório de Fisiologia Aplicada à Educação Física do Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAFISAEF-IEFD/UERJ). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UERJ sob o Protocolo n°04899018.1.0000.5282. Os dados foram produzidos por meio da entrevista aberta e observação participante seguido da análise temática orientada por Bertaux.

A partir da organização dos dados emergiram três categorias:

“Processo de adoecimento e as experiências de dor”, “Os fenômenos culturais e mudanças de estilo de vida” e “Reaprendendo a (con)viver e autogerenciar a dor”. A análise foi fundamentada na Teoria Transcultural em diálogo com outros autores da literatura pertinente, que possibilitou a análise a partir de uma perspectiva de valorização e compreensão dos aspectos culturais, crenças e significados deste grupo de mulheres. A cultura permite compreender a sua in­fluência nas questões ligadas à saúde, es­clarecendo fenômenos e fatos específicos de grupos, uma vez que cada família possui suas próprias formas de cuidar, herdadas cultural­mente. As participantes ressignificaram seus modos de viver, transformando padrões comportamentais em relação a alimentação, atividade física, relações familiares, sociais, aprenderam a lidar com suas emoções e na capacidade de resolução de problemas, no autogerenciamento da dor, com mais autonomia, domínio e autoconhecimento, melhorando a qualidade de vida. As questões que desencadeavam a dor foram identificadas e trabalhadas no grupo. Este estudo contribui para a saúde das pessoas que vivenciam a fibromialgia ressaltando os benefícios quando elas conseguem autogerenciar os sinais e sintomas que desencadeiam a dor e quando assumem o protagonismo do próprio processo.
Fibromyalgia is a chronic disease of complex multifactorial etiology whose main symptom is physical pain. However, the repercussions are immeasurable, causing psychic, emotional, cognitive disorders and limitations in the daily lives of people, who live due to the disease and treatment, abstaining from functional life. Therefore, it is essential to understand that it is possible not only to have control of the situation, but also to manage the pain itself, understanding how and when it triggers, preventing the onset, investing in self-care, valuing body awareness, changes in the habits of the patient, considering the culture, the context in which they live and worldview. The main purpose is to analyze the experience of women who experience fibromyalgia regarding to their lifestyle habits and its repercussions on daily pain management.

Specific purposes:

to identify, in life narratives of women with Fibromyalgia, situations that express the pain experiences; to describe the activities related to culture and lifestyle changes; to discuss resources for pain self-management from transcultural perspective. The theoretical framework used was Madeleine Leininger's Transcultural Care. This is a qualitative research, guided by the Narratives of Life method, developed in 2019, with 14 women who experience fibromyalgia, members of the interdisciplinary treatment and monitoring group at the Laboratory of Physiology Applied to Physical Education of the Institute of Physical Education. and Sports at the Rio de Janeiro State University (LAFISAEF-IEFD / UERJ). The research was approved by the UERJ Ethics Committee under Protocol No. 04899018.1.0000.5282. Data were produced through open interview and participant observation followed by thematic analysis guided by Bertaux.

From the organization of the data emerged three categories:

“Process of illness and pain experiences”, “Cultural phenomena and lifestyle changes” and “Relearning to (live) and self-manage pain”. The analysis was based on the Transcultural Theory in dialogue with other authors of the pertinent literature, which allowed the analysis from a perspective of valorization and understanding of the cultural aspects, beliefs and meanings of this group of women. Culture allows us to understand its influence on health issues, clarifying group-specific phenomena and facts, as each family has its own culturally inherited forms of care. The participants re-signified their ways of living, transforming behavioral patterns in relation to food, physical activity, family and social relationships, learned to deal with their emotions and problem solving skills, self-management of pain with more autonomy, mastery and self-knowledgement, improving the quality of life. The issues that triggered the pain were identified and worked on in the group. This study contributes to the health of people experiencing fibromyalgia by emphasizing the benefits when they can self-manage the signs and symptoms that trigger pain and when they take the lead in the process itself.

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