Publication year: 2020
OBJETIVO:
Esta nota técnica tem por objetivo apresentar informações sobre o uso da vitamina D na prevenção e no tratamento de pacientes com COVID-19. 2. DOS FATOS:
Trata-se de despacho proveniente do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE) e encaminhado ao Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde (DGITIS/SCTIE/MS). O referido documento apresenta um e-mail encaminhado pelo profissional Dr. Ronaldo Amaral de Paiva, vinculado à Universidade Federal de Viçosa, intitulado “Ações técnicas efetivas para o combate a Covid-19”. No corpo da mensagem são apresentadas, para análise no âmbito de suas competências e medidas julgadas pertinentes, as informações acerca do uso da vitamina D no tratamento da COVID-19. TECNOLOGIA:
A vitamina D é um medicamento aprovado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com indicação para o tratamento auxiliar da desmineralização óssea pré e pós-menopausa, do raquitismo, da osteomalácia, da osteoporose e para a prevenção de fraturas resultantes de quedas em idosos com deficiência de vitamina D. Seu mecanismo de ação atua para regular positivamente a homeostasia do cálcio e do fosfato, facilitando a absorção desses íons no intestino delgado, o que potencializa sua mobilização nos ossos e diminui sua excreção renal. A dosagem terapêutica varia entre uma faixa de 1.000U.I. a 50.000U.I., a depender da patologia e da deficiência sérica de vitamina D (5). PERGUNTA DE PESQUISA:
O objetivo desta nota técnica é analisar evidências científicas sobre o uso da vitamina D na prevenção e no tratamento de pacientes com COVID-19. Para nortear a busca na literatura, foi formulada a pergunta estruturada de acordo com o acrônimo PICO (População, Intervenção, Comparador e Outcomes [desfechos]), conforme o Quadro 1. Como se trata da análise de evidências acerca do uso de um tipo de tecnologia que contribuiria para a melhora dos parâmetros imunológicos de resposta à infecção pelo SARS-CoV-2, não foram utilizados termos estruturados que especificassem comparadores, desfechos e tipos de estudo. CONSIDERAÇÕES:
Há uma variação muito grande da gravidade, das características clínicas e da progressão da COVID-19 que ainda não foram bem elucidadas. Embora parte dessa variabilidade possa ser explicada por condições pré-existentes e outros fatores de risco, como tabagismo e idade avançada (25), não há explicação atual para a variação na gravidade de pacientes previamente saudáveis e a taxa significativa de infecções graves entre os pacientes mais jovens. Tampouco há evidências de que a deficiência de vitamina D poderia explicar essa variabilidade. A hipótese parece ser promissora, considerando os mecanismos de ação potenciais pelos quais a vitamina D auxilia na prevenção de diferentes infecções virais (26,27), no entanto, deve ser melhor investigada. CONCLUSÕES Não foram identificadas nos estudos identificados por busca sistemática, evidências robustas e conclusivas quanto à eficácia do uso da vitamina D na prevenção ou tratamento de pacientes com COVID-19. Em razão da falta de ensaios clínicos do uso da vitamina D em pacientes diagnosticados com COVID-19, os estudos identificados relatam resultados baseados em evidências de tratamentos antirretrovirais com diferentes tecnologias, mas não para o SARS-CoV-2. Além disso, os estudos analisados apresentam limitações do desenho e metodologias adotadas, o que configura um alto risco de viés. É importante aguardar a divulgação dos resultados dos estudos mais robustos com maior qualidade e rigor metodológicos. Assim, será possível estimar o real benefício da vitamina D na prevenção e/ou tratamento de pacientes com a COVID19. O presente documento será atualizado à medida que novas evidências forem encontradas.