Uso de medicamentos ansiolíticos em bombeiros militares de Belo Horizonte

Publication year: 2017
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerasi, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Ada Avila Assuncao

Ansiolíticos estão entre os psicofármacos mais consumidos no mundo, sendo uma opção no tratamento de sintomas psíquicos. Contudo, ainda que o uso seja controlado, ou seja, mesmo que a terapia medicamentosa ocorra na presença de sintomas psíquicos indicativo de uso e na vigência de acompanhamento profissional, há riscos, tais como dependência, intoxicação e alterações cognitivas. O uso não controlado entre trabalhadores agrava tais problemas. Bombeiros atuam em contextos de altas demandas, nos quais a efetividade do atendimento depende de respostas imediatas e ações integradas. É possível que diante de situações estressantes, os bombeiros recorram ao uso de ansiolíticos como estratégia de compensação dos efeitos aflitivos. O objetivo deste trabalho foi identificar a prevalência do uso de ansiolíticos e conhecer os fatores associados ao consumo em bombeiros militares. Trata-se de uma pesquisa transversal de base censitária que investigou 711 bombeiros do sexo masculino atuantes no Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, alocados em unidades operacionais de Belo Horizonte, Brasil. Os dados foram obtidos por meio de autorrelato.

As análises estatísticas foram realizadas em quatro etapas:

descritiva, univariada, multivariada intermediária e final. A regressão logística multinomial foi utilizada para verificar as associações entre características sociodemográficas, condições de vida, trabalho, saúde e consumo de ansiolíticos de modo controlado ou não. A prevalência do uso de ansiolíticos foi 9,9%. Para 7,5% dos bombeiros, o consumo ocorreu sem indicação e/ou controle terapêutico do psiquiatra. O uso controlado foi associado ao relato compatível com transtorno mental comum (TMC). O uso não controlado foi associado ao tempo de serviço, ao tabagismo e ao TMC. Provavelmente, características da carreira militar, como estabilidade no emprego e reconhecimento social, expliquem a ausência de associações entre condições de trabalho e uso não controlado de ansiolíticos. A alta prevalência de consumo é um alerta para a necessidade de ações integradas entre programas de saúde ocupacional e saúde mental. O rastreamento precoce de sintomas psíquicos, além de indicar situações de trabalho de risco para adoecimento, pode subsidiar a elaboração de medidas de promoção da saúde. Os resultados estimulam a reflexão sobre os serviços de saúde mental ofertados aos bombeiros militares, principalmente no que tange a ações capazes de intervir nos fatores ambientais e organizacionais relacionados à eclosão dos sintomas.
Anxiolytics are among the most consumed psychotropic drugs in the world, being an option in the treatment of psychic symptoms. However, although the use is controlled, that is, even if the drug therapy occurs in the presence of psychic symptoms indicative of use and in the period of professional follow-up, there are risks, such as dependence, intoxication and cognitive alterations. Uncontrolled use among workers aggravates such problems. Firefighters work in contexts of high demands, in which the effectiveness of care depends on immediate responses and integrated actions. It is possible that in the face of stressful situations, firefighters use the use of anxiolytics as a strategy to compensate for the distressing effects. The objective was to identify the prevalence of anxiolytic drugs use and to know the factors associated with consumption in military firefighters. It is a cross-sectional survey census based that investigated 711 male firefighters operating in the Minas Gerais Fire Brigade, located in Belo Horizonte, Brazil. The data were obtained through a self-reported.

Statistical analyzes occurred in four stages:

descriptive, univariate, intermediate and final multivariate. The multinomial logistic regression was used to investigate associations between sociodemographic characteristics, living, working and health conditions and anxiolytic consumption in a controlled or uncontrolled manner. Prevalence of anxiolytic drugs use was 9.9%. For 7.5% of firefighters the consumption occurred without indication and/ or specialized therapeutic control. Controlled use was associated with symptoms compatible with common mental disorder (CMD). Uncontrolled use was associated with length of service, smoking and symptomatology compatible with CMD. Likely, characteristics of the military career, such as job stability and social recognition, explain the absence of associations between working conditions and uncontrolled use of anxiolytics. The high prevalence of consumption is an alert for the need for integrated actions between occupational health and mental health programs. The early screening of psychic symptoms, besides indicating work situations at risk for illness, can subsidize the development of health promotion measures. The results stimulate the reflection on the mental health services offered to the military firefighters, mainly regarding actions that can intervene in environmental and organizational factors related to the outbreak of symptoms.

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