Publication year: 2017
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Maria Fernanda Furtado de Lima e Costa
Introdução:
Projeções da população mundial mostram que número de pessoas com 65 anos ou mais irá aumentar de 524 milhões em 2010 para aproximadamente 1,5 bilhões em 2050, sendo que o envelhecimento é associado com a incapacidade. Considerando que um dos objetivos das políticas públicas na área da saúde é a manutenção e melhora da funcionalidade da população, mais estudos sobre este tópico tornam-se necessários. A identificação de preditores sociais e biológicos da incapacidade tem o potencial de contribuir para a identificação de grupos vulneráveis tanto para prevenção quanto para a intervenção precoce. Dentre preditores sociais, a epidemiologia social aponta que os fatores psicossociais tem um impacto considerável na saúde da população. Objetivos:
Esta tese teve como objetivo investigar a funcionalidade e sua associação com os fatores psicossociais entre a população inglesa e a brasileira com idade mais avançada, considerando modelos estatísticos mais elaborados. Adicionalmente, foram explorados fatores que poderiam modificar essa associação, como as iniquidades socioeconômicas, sexo e sintomas depressivos.Material e método:
Como fonte de informações, foram utilizados dados do Projeto Bambuí (longitudinalmente) e do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA) (transversalmente). A funcionalidade foi mensurada pela dificuldade em desempenhar atividades básicas de vida diária (ABVD) e atividades instrumentais de vida diária (AIVD). A análise estatística foi baseada em modelos estatísticos avançados a fim de refinar a intepretação dos resultados:
(1) utilizou-se o modelo de regressão de riscos competitivos, considerando que a morte é uma censura informativa quando estima-se o risco de incapacidade; (2) utilizou-se o modelo de regressão logística multinomial, tendo como variável resposta a interação entre incapacidade condição socioeconômica. Resultados:
No Brasil, a densidade de incidência de incapacidade em 15 anos foi de 359 por 1000 pessoas-ano, 347 pessoas morreram e 96 foram perdidas durante o período de seguimento. Na linha de base, a idade média dos participantes foi de 68,6 (± 6,7 anos), 23,1% apresentaram sintomas depressivos (mentais) menores, 10,4% sintomas depressivos (mentais) maiores e 40,5% relataram pouco apoio emocional da pessoa mais próxima. Pessoas com pouco apoio emocional apresentaram maior risco de desenvolver incapacidade em ABVD, após os ajustes pertinentes, ocorrendo o mesmo para sintomas depressivos (mentais) maiores. Quando combinados em um modelo para verificar modificação de efeito entre ambas, não houve interação significativa. Na Inglaterra, a idade média dos participantes foi de 66,0 (± 8,4 anos), 10,2% apresentaram sintomas depressivos e 31,3% relataram pouco apoio social de amigos, familiares ou filhos. A condição socioeconômica modificou a associação de fatores psicossociais e funcionalidade:
quanto pior é a condição socioeconômica, maior é a força de associação entre sintomas depressivos e funcionalidade, em ambos sexos. Adicionalmente, dentre os homens, aqueles com incapacidades em ABVD/AIVD e pior condiçãosocioeconômica estavam mais propensos a não terem contatos semanais com amigos, familiares ou filhos e a não apresentarem cônjuge. Dentre as mulheres, aquelas com incapacidades e piores condições socioeconômicas estavam mais propensas a relatar solidão.Conclusões:
Tanto no Brasil quanto na Inglaterra, longitudinal e transversalmente, respectivamente, o apoio social e os sintomas depressivos influenciaram a funcionalidade de pessoas com idade mais avançada. Intervenções objetivando o aumento dos contatos sociais e do apoio social, além de prevenção e tratamento de sintomas depressivos tem o potencial de diminuir os aspectos negativos da incapacidade através de caminhos psicológicos. Deve-se considerar, também, que a população alvo dessas intervenções são as pessoas com piores condições socioeconômicas. Além das causas materiais, demonstramos que o ambiente social, como sugerido pela teoria psicossocial, também influencia as iniquidades em saúde.
Introduction:
World population projections showed that the number of people at the age of 65 and above will grow from 524 millions in 2010 to nearly 1.5 billion in 2050 and the ageing is associated with disability. One of the key public health concerns is the elderly functioning maintenance and improvement and more studies on this topic are necessary. The identification of social and biological preditors related to the disability onset may potentially contribute for identifying vulnerable groups. This could enhance both prevention and engagement of target groups in early rehabilitation. Among the social preditors, social epidemiology shows that psychosocial factors have a striking impact in populations health.Objectives:
This thesis aimed to explore the functioning and its association with psychosocial factors among older Brazilian and English adults, taking into account modern statistic models. Addictionally, we explored variables that could modificate this association, such as socioeconomic inequalities, sex and emotional support. Material and methods:
We used data from the Bambui Cohort Study of Ageing (longitudinally) and the English Longitudinal Study of Ageing (cross-sectionally). Functioning was measured by difficultility in carrying out basic activities of daily living (ADL) and instrumental activities of daily living (IADL). The statistical analysis was based on modern statistical models to refine the results interpretation:
(1) we used the competing-risks regression, taking into account that death is an informative censoring when we estimate the disability risk; (2), we used the multinomial logistic regression using the interaction between disability and socioeconomic condiction as the outcome variable.Results:
In Brazil, the disability incidence rate in 15 years was 359 per 1,000 personyears, 347 people died and 96 were lost in follow-up. At baseline, mean age was 68.6 ± 6.7 years, 23.1% showed minor depressive (mental) symptoms, 10.4% major depressive (mental) symptoms and 40.5% reported low emotional support from the closest person. Persons with low emotional support from the closest person were at significant increased risk for incident ADL disability, after adjustments. The same pattern was observed for major depressive (mental) symptoms. After conjugating both in a model to assess modification effect, we did not find any significant interaction. In England, mean age was 66.0 ± 8.4 years, 10.2% showed depressive symptoms and 31.3% reported low social support from friends, family or children. The multinomial logistic regression showed that wealth modifies the association between psichosocial factors and functioning:
the poorest, the stronger the association between depressive symptoms and functioning, in both sex. Adictionally, among men, those with ADL/IADL disability and the poorest showed higher odds of having no weekly contact with friends, familiy or children, and not living with partner. Among women, those with disability and the poorest showed higher odds of loneliness. Conclusions:
Both in England and Brazil, cross-sectionally and very long term, respectively, social support and depressive symptoms are related to functioning among older adults. Interventions that aim to enhance social contacts and support and treatment or prevention of depressive symptoms may potentially decrease negative aspects of disability by psychological pathways. Moreover, the target population are the poorest. Besisdes material causes, we showed that social environment, as suggested by psychosocial theory, is also related to health inequalities.