Mecanismos genéticos e epigenéticos relacionados com a resposta e a resistência à terapia com inibidores tirosina quinase na leucemia mielóide crônica

Publication year: 2012
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva to obtain the academic title of Doutor. Leader: Ilana Zalcberg Renault

O tratamento da leucemia mieloide crônica (LMC) foi radicalmente modificado com a introdução dos inibidores de tirosina quinase (ITK) na prática clínica. Entretanto, a resistência aos ITK é um problema clínico crescente que acomete 35% dos pacientes com LMC em fase crônica (FC). Dentre os mecanismos envolvidos na resistência, se destaca a presença de mutações no domínio quinase (DQ) da proteína BCR-ABL. Porém, estas mutações ocorrem em 30–60% dos pacientes resistentes, evidenciando a heterogenidade dos mecanismos subjacentes ao aparecimento da resistência. Processos epigenéticos, como a metilação do DNA, modificação de histonas e expressão de microRNAs (miRNAs) ainda não foram amplamente estudados em relação à resistência na LMC. Os miRNAs, pequenos RNAs que regulam a expressão gênica, têm surgido recentemente como um mecanismo epigenético importante na fisiologia do câncer. O objetivo principal deste trabalho foi analisar os padrões de resposta de um grupo de pacientes com LMC submetidos à terapia com Imatinibe (IM), visando identificar mecanismos genéticos e epigenéticos relacionados com a resposta e a resistência aos ITK. Para isto, foram estudados 264 pacientes com LMC tratados com IM por um tempo médio de 30 meses (6-123), com 70% dos casos utilizando o inibidor por >12 meses. As taxas de resposta foram de 76% de resposta citogenética completa (RCgC), 63% de resposta molecular maior (RMM) e 29% de resposta molecular completa (RMC) nos pacientes com LMC-FC. Foi identificado um grupo de respondedores tardios, que representam ~30% dos pacientes que não alcançaram uma RCgC e/ou RMM nos tempos ótimos após inicio do IM. Um grupo de 126 pacientes foi selecionado para pesquisa de mutações no DQ. A presença de mutações foi avaliada por sequenciamento direto, por um ensaio de PCR alelo específico (PCR-AS) para detecção da mutação T315I e a quantificação dos clones mutados foi realizada por pirosequenciamento. Dos casos analisados, 23% apresentaram mutações no DQ. As mutações mais frequentes foram T315I (20%) e F359I/V (11,4%). A quantificação realizada por piro-sequenciamento forneceu informações complementares relevantes sobre o papel do tamanho do clone mutado na resposta ou resistência. Em um grupo de 17 pacientes, selecionados de acordo à resposta obtida com IM, foi realizada uma análise do perfil de expressão de miRNAs maduros através de arrays de TLDA (do inglês TaqMan Low Density Array).

Foi identificado um grupo de 4 miRNAs diferencialmente expressos ao diagnóstico quando comparados os grupos de pacientes com resposta ao IM vs resistentes ao IM:

miR-155, -451, -18b, -125a-5p. Um grupo de 29 miRNAs apresentou um padrão similar de variação da expressão durante o tratamento. Os níveis de expressão dos miR-451 e miR-148a mostraram uma correlação inversa com a carga tumoral aferida pelos níveis do transcrito BCR-ABL. Esta correlação foi mais consistente para o miR-148a.

As análises in silico para predição de alvos para o miR148a indicaram 6 alvos potencialmente relacionados com a LMC:

os genes E2F3, PIK3R3, IKKα, IKKβ, p27Kip e SHP-2. Foi comprovado que a expressão do miR-148a em linhagens celulares de LMC está regulada por metilação do DNA.

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