Localização subcelular de XIAP: implicações na proliferação celular, resistência às drogas e prognóstico no câncer de mama
Publication year: 2017
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva to obtain the academic title of Mestre. Leader: Gabriela Nestal de Moraes
O câncer de mama é o tipo tumoral que mais acomete as mulheres no Brasil e no mundo, além de
causar elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Essa neoplasia tem como importante
caracterÃstica o desbalanço entre proliferação e morte celular. Nesse contexto, se insere a XIAP,
uma proteÃna inibidora da apoptose (IAP), que exerce sua função antiapoptótica através da ligação e
inibição de caspases, bem como ubiquitinação de proteÃnas-alvo. A XIAP é encontrada
principalmente na porção citoplasmática tanto em células tumorais quanto em não neoplásicas,
porém estudos mostram que também é possÃvel detectar a sua expressão no núcleo. Dados prévios
do nosso grupo mostram que a XIAP pode estar localizada tanto no citoplasma quanto no núcleo em
pacientes com câncer de mama, porém não há muitos relatos acerca dos papéis exercidos pela XIAP
em diferentes compartimentos celulares. O objetivo do presente estudo é elucidar o impacto da
XIAP e sua localização subcelular na proliferação celular, resistência às drogas e no prognóstico no
câncer de mama. Nossos dados mostram que todas as linhagens celulares investigadas apresentaram
XIAP citoplasmática, exceto as células MCF-7 DoxR
, resistentes à doxorrubicina (dox), que
também apresentaram XIAP na fração nuclear, como avaliado por fracionamento subcelular e
Western blotting. Pelos ensaios de MTT e clonogênico, observamos que o tratamento com a dox
diminuiu a viabilidade celular e a capacidade de formação de colônias nas células MDA-MB-231 e
MCF-7, porém o mesmo resultado não foi observado nas células MCF-7 DoxR
, sugerindo que a
localização nuclear de XIAP esteja associada ao fenótipo de resistência à dox. Corroborando esses
achados, as células MCF-7 TaxR
, resistentes ao paclitaxel, apresentaram expressão nuclear de
XIAP, confirmando uma possÃvel correlação da presença de XIAP nuclear com o perfil de
resistência aos quimioterápicos utilizados no tratamento do câncer de mama, independentemente do
mecanismo de ação. Além disso, o tratamento com as drogas não alterou a localização subcelular de
XIAP em nenhuma das células testadas. Adicionalmente, a indução da superexpressão dos mutantes
XIAP∆RING e XIAPNLS C-term por transfecção transiente, onde é possÃvel detectar expressão de XIAP
nuclear, resultou no aumento da capacidade proliferativa das células MCF-7, como examinado pela
contagem de células, ensaio clonogênico e de viabilidade celular. De maneira consistente, a indução
de XIAP no núcleo promoveu a resistência ao tratamento com dox, confirmando os nossos achados
prévios referentes à presença da XIAP no núcleo de células quimiorresistentes. Por fim, a análise de
curvas de Kaplan-Meyer revelou que a localização nuclear da XIAP conferiu um prognóstico
adverso nas pacientes negativas para receptores hormonais, enquanto que a presença de XIAP
citoplasmática conferiu uma tendência ao melhor prognóstico nas pacientes desse subgrupo. De
acordo, a expressão de XIAP citoplasmática foi associada à idade igual ou superior a 50 anos e ao
tamanho de tumor T1, fatores de prognóstico favorável no câncer de mama. Em conjunto, nossos
dados mostram que a expressão de XIAP pode ser encontrada em diferentes compartimentos
subcelulares em linhagens celulares e amostras de pacientes com câncer de mama, estando a
presença de XIAP no núcleo associada a um fenótipo de maior proliferação e resistência às drogas
in vitro, além de um prognóstico desfavorável em pacientes com câncer de mama negativas para
receptores hormonais.