A morte prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) continua sendo um dos principais desafios do desenvolvimento no século XXI e sua redução se constitui uma das metas da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável até 2030. Por sua vez, as doenças bucais, altamente prevalentes na população em geral, apresenta os mesmos fatores de risco de muitas das doenças crônicas. Assim, é essencial adotar uma abordagem comum de fatores de risco e integrar totalmente a saúde bucal na prevenção e controle das DCNTs em estratégias mais amplas de saúde. No que se relaciona à capacitação dos cirurgiões dentistas para a assistência odontológica a esses pacientes, a realidade é semelhante à de muitos países onde os cursos de graduação não abordam as especificidades da assistência a esses pacientes, sendo limitado o número de cursos de educação continuada e de especialização. No âmbito do sistema de saúde público brasileiro a Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNASUS), provê cursos de educação continuada na modalidade a distância para profissionais de nível superior. Nesta perspectiva, entre dezembro de 2016 a janeiro de 2018, foi desenvolvido e ofertado um curso, na modalidade massive open online course (MOOC), com o objetivo de prover educação continuada para os cirurgiões dentistas para a assistência aos pacientes com diabetes, doença renal crônica e hipertensão. Em um estudo longitudinal prospectivo, tendo como objeto de pesquisa o MOOC ofertado, esta tese, escrita em formato de três artigos 1) avaliou a prevalência do curso no território brasileiro, tendo como base a mineração de dados e o cruzamento com indicadores do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM); 2) avaliou por meio de learning analytics quais são os fatores demográficos, de uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e de engajamento que podem estar associados à conclusão e certificação dos participantes e 3) descreveu o perfil dos participantes com relação ao sexo sob a perspectiva do fenômeno da feminização da Odontologia no Brasil. Quando surgiram em 2008, os MOOCs, traziam a promessa de inovar o ensino superior e acreditava-se que em alguns anos seriam um meio de educação utilizado por milhares de pessoas. Nos últimos anos, alguns autores vêm contestando a capacidade dos MOOCs de democratizar o acesso à educação, embora a quase totalidade das pesquisas sejam centradas no modelo dos MOOCs ofertados pelos paises desenvolvidos, sobretudo EUA. Pouco se conhece dos impactos e do alcance dos MOOCs produzidos pela UNASUS. Embora nesta pesquisa, as análises se restringiram a um único MOOC ofertado pela UNASUS, os resultados mostraram percentuais significativos de participantes em regiões e cidades brasileiras com baixo IDHM, distantes dos grandes centros e com maior dificuldade de acesso à educação. Da mesma forma, o percentual de participantes do sexo feminino foi muito superior àquele encontrado na literatura, assim como os percentuais de finalização do curso, acima da média. Participantes que demonstraram possuir maior literacia digital apresentaram maior percentual de finalização do curso. Conclui-se que o MOOC avaliado conseguiu cumprir, ao menos em parte, o propósito de capacitar os profissionais de saúde espalhados por um país de dimensões continentais como o Brasil, e que de outra forma, não teriam acesso à educação de qualidade. Pesquisas que investiguem outros MOOCs produzidos pela UNASUS são recomendadas.