As profissionais de enfermagem e os modos de cuidar de pessoas idosas hospitalizadas: estudo etnográfico

Publication year: 2015
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal da Bahia to obtain the academic title of Doutor. Leader: Menezes, Maria do Rosário de

Este estudo tem por objetivo compreender como se dá o cuidado de enfermagem à pessoa idosa hospitalizada, no contexto do Sistema Único de Saúde, no interior da Bahia, Brasil. A investigação retrata o cotidiano dos cuidados de enfermagem em uma Clínica Médica de um hospital público, geral, obtido por meio de entrevistas, observação das práticas e análise de documentos, realizadas durante o ano de 2013. Participaram do estudo seis enfermeiras e quinze técnicas de enfermagem, todas do sexo feminino, na faixa etária de 25 a 42 anos de idade. A pesquisa foi conduzida segundo o processo etnográfico e para análise dos dados foi adotado o referencial da Antropologia Interpretativa que possibilitou identificar a cultura de cuidados de enfermagem a idosos hospitalizados, considerando o contexto em que os cuidados são desenvolvidos, a percepção sobre a pessoa idosa e as práticas de cuidados de manutenção da vida. As profissionais de enfermagem definem o cuidado ao idoso hospitalizado como um trabalho exigente e envolvente. Isto remete às concepções da velhice da sociedade moderna, às normas e rotinas institucionais, à responsabilidade da profissão de enfermagem com a dignidade humana e às deficiências dos serviços públicos, os quais modelam as práticas, no que tange a tempo, natureza e qualidade, dos cuidados prestados pela equipe. As participantes têm dificuldades em relacionar a influência dos estereótipos da velhice com as suas práticas. As profissionais de enfermagem vivenciam uma intensa rotina de cuidados, em condições desfavoráveis de trabalho, sentem-se sobrecarregadas, necessitadas de atualização em cuidados específicos a pessoas idosas e compartilham responsabilidades com os acompanhantes dos idosos. Os resultados demonstram que os idosos internados em hospitais públicos têm risco potencial de ter seus Direitos Humanos violados. Revelam a necessidade urgente de ações intersetoriais e interdisciplinares para viabilizar mudanças estruturais e do processo de trabalho institucional, formação continuada na área de gerontogeriatria e de sistematização do cuidado ao idoso no contexto investigado. (AU)

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