Educação em saúde no cuidado a mulheres sob o olhar de profissionais da atenção básica

Publication year: 2016
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal da Bahia to obtain the academic title of Mestre. Leader: Coelho, Edméia de Almeida Cardoso

Educação em Saúde é um campo de atuação profissional capaz de favorecer a formação e o desenvolvimento da visão crítica das pessoas a respeito da sua saúde e da organização para a ação coletiva. No âmbito da saúde da mulher há o esforço no sentido de distanciar as ações de educação de saúde da perspectiva verticalizada imposta pelo modelo biomédico, o que requer novas estratégias metodológicas e práticas educativas emancipatórias. Esta pesquisa teve como objetivos promover reflexão e discussão com profissionais sobre suas experiências com educação em saúde no cuidado a mulheres; analisar as experiências relatadas considerando os princípios da educação emancipatória; construir com a equipe multiprofissional, proposta de trabalho educativo com mulheres segundo prioridades apontadas, a partir de metodologias problematizadoras. Trata-se de pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa tendo integralidade como eixo teórico. Foi desenvolvida no município de Petrolina-PE, ano de 2015 e teve como cenário quatro unidades da Estratégia Saúde da Família. Participaram do estudo 15 profissionais das equipes de saúde, duas enfermeiras, dois médicos, um cirurgião dentista, uma auxiliar de saúde bucal, duas técnicas de enfermagem e sete agentes comunitários/as de saúde. Utilizou-se como técnica de produção do material empírico oficinas de reflexão entendidas como espaço de aprendizagem e de produção coletiva do conhecimento sobre o objeto de estudo. O material produzido foi analisado pela técnica de análise de discurso na ótica de Fiorin, para o qual o discurso é uma posição social, cujas representações ideológicas são materializadas na linguagem. Os resultados mostram a manutenção do modelo biomédico na organização do serviço e na educação em saúde, sem espaço para práticas educativas participativas e emancipatórias na atenção às mulheres, distanciando as ações da integralidade. Quando ocorrem se dão sob os fundamentos hegemônicos, em formato de palestras e orientações individuais, o que tem levado as usuárias a resistir às ações convencionais. O grupo participante se mostrou aberto a mudanças e construiu uma proposta de trabalho educativo com mulheres baseada em metodologias ativas e direcionada às demandas priorizadas. Concretizá-la exige trabalho prévio com profissionais a fim de rever as bases em que se apoiam suas práticas, conceitos e preconceitos e capacitar a equipe para o trabalho com métodos participativos. Mudanças são dependentes também de gestão compartilhada disposta a se reerguer sob novos pilares, em que dialogam profissionais do cuidado, usuárias/os e gestoras/es. Nessa perspectiva, abrem-se caminhos para superação do modelo biomédico e para a integralidade como norteadora, o que implica em nova visão de mundo que redefine organização de serviços, práticas e relações.(AU)

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