Cateter intravenoso periférico para sistema fechado de infusão: ensaio clínico randomizado

Publication year: 2017
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Paraná to obtain the academic title of Doutor. Leader: Danski, Mitzy Tannia Reichembach

Introdução:

a terapia intravenosa integra o cotidiano da enfermagem em todos os níveis de atendimento à saúde, sendo os cateteres intravenosos periféricos mais comumente encontrados. Apesar de serem dispositivos indispensáveis no tratamento e recuperação de pacientes em todos os graus de complexidade, sua utilização não está livre de riscos, como o desenvolvimento de complicações locais.

Objetivo:

avaliar a efetividade do cateter intravenoso periférico para sistema fechado de infusão comparado ao cateter curto sobre agulha convencional, no que diz respeito à ocorrência de complicações locais.

Método:

ensaio clínico randomizado realizado em duas unidades clínicas de hospital de ensino, no período de 2015 a 2017. Os participantes foram pacientes adultos com necessidade de terapia intravenosa periférica, os quais foram alocados no grupo experimental (cateter para sistema fechado de infusão – GE) ou controle (cateter curto sobre agulha convencional – GC), mediante técnica de randomização aleatória sistematizada.

Resultados:

a amostra final totalizou 184 pacientes, 89 do GE e 95 GC. A incidência geral de complicações foi de 54,64%, 54,26% no GC, 55,06% GE. Predominou tração acidental (15,85% geral; 18,08% GC; 13,48% GE), seguida de flebite (14,21% geral; 11,70% GC; 16,85% GE), infiltração (11,48% geral; 8,51% GC; 14,61% GE) e obstrução (9,29% geral; 12,76% GC; 5,62% GE). Não houve diferença significativa entre os grupos com relação às taxas de cada complicação. O tempo de permanência do cateter obteve mediana de 2,5 dias em ambos os grupos, com máximo de 8,5 dias no GC e 22 dias no GE. Na análise de sobrevida, os cateteres do GE tiveram maior tempo estimado para o desenvolvimento de qualquer complicação, e menores taxas de risco acumulado para tração acidental e obstrução do cateter.

Os fatores de risco para o desenvolvimento de complicações foram:

geral - sexo feminino, tempo de internamento, tempo de permanência do cateter, infusão de antimicrobianos, diuréticos e medicações vesicantes; GC - infusão de medicações vesicantes; GE - sexo feminino, infusão de antimicrobianos e uso de bomba infusora.

Foram fatores de risco para tração acidental:

inserção do cateter no membro superior direito; para flebite: infusão de antimicrobianos e medicações vesicantes; para infiltração: infusão de antimicrobianos; e para obstrução: infusão de hemocomponentes e medicações vesicantes.

Conclusões:

considerando a incidência de complicações, a efetividade do cateter para sistema fechado de infusão é similar à do cateter convencional. As complicações locais mais frequentes foram tração acidental do cateter, flebite, infiltração e obstrução, sendo que as taxas de tração acidental e obstrução foram menores no grupo experimental. Na análise de sobrevida, os cateteres do grupo experimental tiveram maior tempo estimado para o desenvolvimento de qualquer complicação, bem como menores taxas de risco acumulado para tração acidental e obstrução. Quanto à flebite, a utilização do sistema fechado de infusão foi capaz de aumentar em cerca de nove dias o tempo estimado para a sua ocorrência. Diante dos resultados, ressalta-se que o uso da melhor tecnologia, por si só, não garante a efetividade da terapia intravenosa.

Abstract:

Introduction: the intravenous therapy is part of the nursing routine at all levels of health care, being the peripheral intravenous catheters the most commonly found ones. Although they are indispensable devices for the treatment and recovery of patients at all levels of complexity, their use is not risk free, once there is the chance of development of local complications.

Objective:

assess the effectiveness of the closed intravenous catheter system compared to the convencional system of short catheter over the needle, concerning to the occurrence of local complications.

Method:

randomized clinical trial at two clinical units of teaching hospital, from 2015 to 2017. The participants were adult patients who needed peripheral intravenous therapy, which were allocated into experimental group (closed intravenous catheter system – EG) or control group (conventional short catheter over needle – CG), through systematic aleatory randomization technique.

Results:

the final sample added up to 184 patients, being 89 from the EG and 95 from the CG. The general incidence of complications was of 54,64%, 54,26% in the CG, and of 55,06% in the EG. Accidental removal was predominant (15,85% general; 18,08% CG; 13,48% EG), followed by phlebitis (14,21% general; 11,70% CG; 16,85% EG), infiltration (11,48% general; 8,51% CG; 14,61% EG) and obstruction (9,29% general; 12,76% CG; 5,62% EG). There was no considerable difference between the groups in relation to the rates of each complication. The average catheter dwell time was of 2,5 days in both groups, with the maximum time of 8,5 days in the CG and 22 days in the EG. In the survival analysis, the catheters in the EG had higher estimate time for the development of any complication, and lower rates of accummulated risk for the accidental removal and catheter obstruction.

The risk factors for the development of complications were:

general – gender: feminine, hospitalization time, catheter dwell time, infusion of antimicrobial agents, diuretic effects and vesicant medications; CG – infusion of vesicant medications; EG – gender: feminine, infusion of antimicrobial agents and the use of infusion pump.

Some of the risk factors for the accidental removal were:

insertion of the catheter into the right upper limb; for phebitis: infusion of antimicrobial agents and vesicant medications; for infiltration: infusion of antimicrobial agents; and for obstruction: infusion of hemotherapy and vesicant medications.

Conclusions:

considering the incidence of complications, the effectiveness of the closed intravenous catheter system is similar to the one of conventional catheter. The most frequent local complications were accidental removal, phlebitis, infiltration and obstruction, and the rates of accidental removal and obstruction were lower in the experimental group. In the survival analysis, the catheters of the experimental group had a longer time estimate for the development of any complication, as well as lower accumulated risk rates for accidental removal and obstruction. As for phlebitis, the use of the closed infusion system was able to increase in approximately nine days the estimated time for its occurrence. In view of the results, it is emphasized that the use of the best technology, by itself, does not guarantee the effectiveness of the intravenous therapy.

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