Famílias vivenciando o adoecimento por câncer de mama

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Paraná to obtain the academic title of Doutor. Leader: Mazza, Verônica de Azevedo

Resumo:

O câncer de mama é a neoplasia que mais acomete as mulheres no mundo. A doença representa à sociedade um estigma de finitude, em que os sentimentos incertos afetam tanto o indivíduo quanto as pessoas que o consideram como importante. Qualquer sistema passível de interconexão e adaptação diante instabilidades é um sistema adaptativo complexo. Essa definição surge da complexidade, cujas proposições são aplicadas às pesquisas com famílias. Nesta pesquisa a família foi compreendida como um sistema capaz de vivenciar o fenômeno do adoecimento por câncer de mama. Portanto, objetivou-se compreender o significado da vivência das famílias de mulheres com câncer de mama à luz da complexidade e construir uma teoria substantiva sobre a vivência das famílias de mulheres com câncer de mama à luz da complexidade. Como referencial metodológico utilizou-se a Teoria Fundamentada nos Dados de Corbin e Strauss e o teórico o Sistema Adaptativo Complexo de Fritjof Capra. A coleta de dados ocorreu entre maio de 2016 a fevereiro de 2017, tendo como cenários o serviço de farmácia ambulatorial de um hospital universitário da região Sul do Brasil e os domicílios dos participantes. Participaram dessa pesquisa sete famílias, sendo realizadas entrevistas intensivas com onze mulheres com câncer de mama, consideradas a amostragem inicial. A partir da análise dos dados emergiram dois grupos amostrais compostos por nove filhos e sete parceiros. As entrevistas foram analisadas por meio das codificações inicial ou aberta, focal e axial. Nessa última, utilizou-se o modelo paradigmático de condição interveniente, causa ação e consequência. Os dados foram organizados por meio do software MAXQDA®. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer nº 1.483.68. Como resultado emergiu a teoria substantiva "Famílias vivenciando o adoecimento por câncer", sendo representada pela categoria central "Movimentando-se para vivenciar o câncer". As categorias inter-relacionadas ao fenômeno foram: "Padronizando o sistema familiar"; "Vivenciando os cataclismas do câncer"; "Comutando energia; e, "Recriando-se diante a vivência do câncer". A teoria substantiva emergiu a partir do próprio contexto vivenciado pelas famílias, em que o movimento e a inter-relação foram as propriedades associadas ao referencial teórico. O fenômeno foi fundamentado com base nos movimentos, interações e comunicações familiares, denotando o esforço das famílias para vivenciarem o adoecimento pelo câncer. As propriedades da complexidade como movimento, autonomia e autogestão familiar emergiram a partir do entendimento de instabilidade, movimento, troca e autoorganização, caracterizando a família como um sistema. Isso denota a importância das relações interpessoais para a manutenção da família. A família atua como um sistema adaptativo capaz de autogerir diante as instabilidades vivenciadas pelo adoecimento do câncer. Isso não se atém somente ao sentimento de receio pela terminalidade, como também pela manutenção da rotina e comportamento familiar. Assim, esta pesquisa contribui para a construção de modelos teóricos confiáveis e passíveis de extrapolação para outras áreas da pesquisa com famílias.

Abstract:

Breast cancer is the neoplasm that most affects women worldwide. This represents to society a stigma of finitude, that uncertain feelings affected both the individual and individuals who regard him as important. Any system that can interconnect and adapt to instability is a complex adaptive system. This definition arises from complexity, whose propositions are applied to research with families. In this research, the family was understood as a system capable of experiencing the phenomenon of breast cancer disease. Therefore, the objective was to understand the meaning of the experience of families of women with breast cancer in the light of complexity and to build a substantive theory about the experience of families of women with breast cancer in the light of the complexity. Were used Grounded Theory of Corbin and Strauss and for theoretical Complex Adaptive System of Fritjof Capra. Data collection took place between May 2016 and February 2017. The scenarios were the pharmacy service of a university hospital in southern Brazil and the homes of the participants. Seven families participated in this research and intensive interviews were conducted with eleven women with breast cancer, considered the initial sample. From the data analysis emerged two sample groups composed of nine children and seven partners. The interviews were analyzed by initial or open, focal and axial coding. In the latter, the paradigmatic model of intervening condition, cause action and consequence were applied. Data were organized using MAXQDA® software. The project was approved by the Research Ethics Committee under number 1.483.68. As a result emerged the substantive theory "Families experiencing cancer illness", being represented by the central category "Moving to experience cancer".

The interrelated categories of the phenomenon were:

"Standardizing the family system"; "Experiencing Cancer Cataclysms"; "Switching energy; and, "Recreating Yourself in the Experience of Cancer." The substantive theory emerged from the very context experienced by families, in which movement and interrelationship were the properties associated with the theoretical framework. The phenomenon was based on family movements, interactions and communications, denoting the efforts of families to experience cancer illness. The properties of complexity such as family movement, autonomy, and self-management emerged from the understanding of instability, movement, exchange, and self-organization, characterizing the family as a system. This denotes the importance of interpersonal relationships for the maintenance of the family. The family acts as an adaptive system capable of self-manage due the instabilities experienced by breast cancer. This is related to fear for life terminality and the maintenance of family routine and behavior. This research contributes to the construction of reliable theoretical models for other areas of research with families.

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