Publication year: 2016
A Comissão Permanente de Orçamento e Financiamento
(Cofin-CNS) foi criada no Conselho Nacional de Saúde (CNS) em
1993 e tem como atribuições principais subsidiar os conselheiros no
acompanhamento do processo de execução orçamentária e financeira
do Ministério da Saúde, bem como na formulação de diretrizes para o
processo de Planejamento e Avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS).
O problema do subfinanciamento do SUS ficou ainda mais
grave com o início da vigência da Emenda Constitucional nº 86/2015,
cuja aplicação mínima de 13,2% da Receita Corrente Líquida representará
uma redução em comparação aos 14,8% aplicados em 2015.
Há ainda
uma nova ameaça de redução dos recursos do SUS:
a tramitação da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 143/2015, que, se for aprovada
pelo Congresso Nacional, promoverá o aumento da Desvinculação das
Receitas da União de 20% para 25% e criará a Desvinculação das Receitas
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios também em 25%, o que
reduzirá as receitas utilizadas para a base de cálculo da aplicação mínima
em ações e serviços públicos de saúde.
Precisamos defender o SUS público, universal e de qualidade e,
para isso, não basta apenas fiscalizar e aprimorar a gestão dos serviços,
mas principalmente aumentar os recursos para o SUS: enquanto os gastos
com saúde pública no Brasil representam 3,9% do PIB (somados federal,
estaduais e municipais), as referências internacionais para sistemas de
saúde similares ao nosso alocam no mínimo 7,0% do PIB. Portanto, não há
nenhuma dúvida: há subfinanciamento e o SUS precisa de mais recursos.
Não há contradição na luta para melhorar as condições de financiamento
e para melhorar a gestão.
Em 2013, o Movimento Saúde+10, coordenado pelo Conselho
Nacional de Saúde, mobilizou e unificou a luta da sociedade brasileira em
prol da ampliação do financiamento de um sistema público e de qualidade
na atenção à saúde, reunindo mais de 2,2 milhões de assinaturas para a Manual de orçamento e finanças públicas para Conselheiros e Conselheiras de Saúde
apresentação de um projeto de lei de iniciativa popular (PLC nº 321/2013)
com a proposta da alocação mínima de 10% das Receitas Correntes Brutas
para o orçamento federal do SUS.
No final de 2015, foi retomada essa mobilização com a
criação da Frente Nacional em Defesa do SUS (AbraSUS), reunindo CNS,
Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), Conselho Nacional
das Secretarias Municipais de Saúde (Consems) e várias entidades da
sociedade civil e movimentos sociais a fim de sensibilizar o Congresso
Nacional para a aprovação da PEC 01/2015 (aumento da aplicação mínima
da União, sendo 14,8% no primeiro ano até atingir 19,4% da Receita
Corrente Líquida a partir do sétimo ano de vigência), cujo resultado positivo
dessa mobilização foi contribuir para a elaboração de uma proposta de
consenso entre os parlamentares da base governista e da oposição que
resultou na aprovação em primeiro turno na Câmara dos Deputados.
Os conselheiros nacionais, estaduais e municipais de saúde estão
percebendo cada vez mais que os serviços públicos de saúde não podem
melhorar sem o financiamento adequado, principalmente para a mudança
do modelo de atenção, para que a atenção básica seja a ordenadora do
cuidado, e para a valorização dos servidores públicos da Saúde. Mas,
também, estamos conscientes de que precisamos apoiar novas fontes de
receita que respeitem a tributação progressiva (paga mais quem ganha
mais), no atual contexto da crise fiscal. Esperamos que este Manual fortaleça sua atuação em defesa
do SUS.