Gravidade do trauma analisada por meio de diagnósticos clínicos e de necropsia
Injury severity analyzed by means of clinical diagnosis and autopsy
Publication year: 2000
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo - USP to obtain the academic title of Doutor. Leader: Koizumi, Maria Sumie
Índices de gravidade têm sido utilizados frequentemente na literatura para comparar resultados e avaliar objetivamente a assistência proporcionada a populações traumatizadas. O "Injury Severity Score (ISS)", calculado por meio dos escores da"Abbreviated Injury Scale (AIS)" constitui-se no índice mais usado para determinar a gravidade do trauma do ponto de vista anatômico. Para representar esta gravidade, o ISS foi incluído, além de outros índices, no modelo preditivo do "Trauma andInjury Severity Score (TRISS)", método matemático para calcular a probabilidade de sobrevida(Ps) de pacientes de trauma, mais usado na literatura para comparação de resultados. Escores ISS são calculados com base na lesões anatômicas e paratanto a integralidade das informações usadas para a obtenção destes escores é de importância crítica. Este estudo analisa a gravidade do trauma por meio de índices, baseando-se em duas fontes de dados, ou seja, o prontuário do paciente e o laudode necropsia. Foram estudados, retrospectivamente, 222 pacientes de trauma internados no Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo no ano de 1998 e que morreram durante a hospitalização. Ascausas externas predominantes foram os acidentes de transporte (47,30%) e as agressões (31,98%). Trauma do tipo contuso (64,86%) e penetrante (30,18%) foram os mais comuns. A média da idade foi de 35,22 anos e o sexo masculino foi predominante(82,88%). O total de67,57% dos pacientes chegaram ao hospital de estudo vindos da cena do evento e 28,83% de outros hospitais. Unidades de suporte básico de vida (UR) foram os meios mais utilizados para o transporte daqueles provenientes docenário (41,33%). As médias do tempo pré-hospitalar em minutos dos pacientes transportados por UR, USA e Águia foram 43, 49 e 66, respectivamente. Do total de pacientes, 64,41% morreram nas primeiras 24 horas após a entrada. Para os 222 ) pacientes, foram registradas no prontuário 1.079 lesões de escore AIS1 a 6 (média de 4,86 por paciente) e no laudo da necropsia 1.445 lesões (média de 6,50 por paciente). O número de lesões da necropsia foi 25,33% maior que oprontuário. Em 30 pacientes (13,51%), o número de lesões verificadas nas duas fontes de dados foi igual; em 64 (28,83%) o número de lesões da necropsia foi menor e em 128 (57,66%), o número de lesões da necropsia foi maior que o prontuário. Asuperioridade da necropsia na identificação de um maior número de lesões nos pacientes que morreram em até 24 horas foi expressiva. A média do ISS calculado com dados clínicos (ISSc) foi 20,60 e do ISS calculado com achados na necropsia (ISSn)foi 27,87. Em 126 pacientes (52,76%) o ISSn foi maior que o ISSc; o ISSn foi menor que o ISSc em 69 (31,08%) e, em 27 (12,16%) o ISSc foi igual ao ISSn. A média do ISS calculado com dados clínicos e dados da necropsia (ISSt) foi 33,07, superiora média do ISSc e do ISSn. A média da probabilidade de sobrevida estimada peloTRISS e calculada com o ISSc (Psc) foi 0,22 e aquela calculada com o ISSn (Psn) foi 0,14. O mesmo número de mortes inesperadas (10) foi identificado quando dautilização do ISSc, do ISSn e do ISSt no modelo do TRISS. Tendo em vista as diferenças constatadas conclui-se que as duas fontes de dados utilizadas neste estudo não são equivalentes e, portanto, recomenda-se que as lesões do prontuário sejamsuplementadas às da necropsia para o cálculo da gravidade do trauma quando o objetivo é a comparação de resultados.
Severity indexes have been used to compare the results and evaluate the quality and appropriateness of patient care. The Injury Severity Score (ISS), calculated by means of the Abbreviated Injury Scale (AIS), consists of the most used index todetermine trauma severity under the anatomical point of view. To represent this severity, the ISS was included in addition to other indexes, in the predictive model of Trauma and Injury Severity Score (TRISS), a mathematical model to evaluatethe survival probability (Ps) of the trauma patients, more frequently used in the literature to compare the outcomes. ISS scores are evaluated based on anatomical injuries and integrality of the information used is needed to obtain these scores.This study analyzes injury severity by means of indexes based on the two data sources, that is, the patient´s report and the autopsy findings. Two hundred and twenty-two trauma patients, hospitalized in the Instituto Central do Hospital dasClínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, in the year of 1998, and who died during hospitalizaton, were studied. The predominant external causes were due to transportation accidents (47.30%) and agression (31.98%).Penetrating (64.86%) and blunt (30.18%) trauma were the most comon. The average age was 35.22 years old and male sex was predominant (82.88%). 67.57% of the patients arrived to the studied hospital from the injury scene and 28.83% from the otherhospitals. Basic life supportunits (UR) were the most used vehicles of transportation for those injured people from the place of the accident (41.33%). The average of prehospital time of ptients transported by UR, USA and Aguia were 43.49 and66 minutes, respectively. Of the total of patients, 64.41% died in the first 24 hours after admission. Regarding to the 222 patients, 1,079 injuries of AIS score 1 to 6 (average of 4.86/patient) were registered in the clinical charts and 1,455 injuries (average of 6.50/patient) in the autopsy records. The number of injuries obtained from the autopsy was 25.33% higher than that of the patient´s clinical reports. In 30 patients (13.51%) the number of injuriesreported in the two data sources was the same, in 64 patients (28.83%) the number of injuries obtained from the autopsy was smaller and in 128 (57.66%) the number of injuries obtained from the autopsy was higher than that of the patient´sclinical reports. In 30 patients (13.51%) the number of injuries reported in the two data sources was the same, in 64 patients (28.83%) the number of injuries obtained from the autopsy was smaller and in 128 (57.66%) the number of injuriesobtained from the autopsy was higher than that of the patient´s clinical documents. Superiority of autopsy to identify a great number of injuries in the patients who died in the first 24 hours was significant. The average ISS evaluated usingclinical data (ISSc), was 20.60, and that of the ISS calculated using autopsy findings (ISSn)was 27.87. In 126 patients (56.76%), the ISSn was higher than the ISSc, the ISSn was smaller than the ISSc in 69 (31.08%), and in 27 (12.16%) the ISScwas equal to ISSn. The average ISS evaluated using clinical data and autopsy findings (ISSt) was 33.07, higher than the average ISSc and ISSn. The average of survival probability evaluated by TRISS and calculated using the ISSc (Psc) was 0.22,and the one calculated using the ISSn (Psn) was 0.14. The same number of unexpected deaths (10) was found using the ISSc, ISSn and the ISSt in TRISS model. Considering the differences observed, two data sources used in this study were notequivalent, and, therefore, injuries registered in the patient´s clinical document must be added to that of the autopsy in order to consider injury severity, aiming comparison of the outcomes.