Este é um estudo de caso qualitativo que se insere na linha temática "Trabalho e Educação", na medida em que busca relacionar qualificação, trabalho e transformação, num contexto específico de capacitação de recursos humanos no chamado setor saúde. Em um curso de educação continuada para enfermeiros que atuam como instrutores/supervisores do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, buscamos analisar: a importância do trabalho como princípio educativo, o processo pedagógico como estratégia na luta por hegemonia e o papel do enfermeiro enquanto intelectual responsável pelo desenvolvimento de processos educativos. Utiliza como pressupostos teóricos textos que colocam a perspectiva do desenvolvimento humano sobre a base do trabalho, textos que vêem no processo educativo uma perspectiva crítica e transformadora, e usa o conceito de intelectual para destacar a importância do instrutor nesse processo. A coleta de dados foi realizada através de observação participante, entrevistas gravadas e análise do questionário de avaliação do próprio curso. Os principais achados indicam que embora a prática tenha sido articulada à teoria, o trabalho dos sujeitos participantes não foi tomado como pressuposto para construção do conhecimento e reconstrução da prática, evidenciando que há uma diferença entre aplicação prática do conhecimento e trabalho como princípio educativo. A pedagogia problematizadora por si só não garante uma perspectiva crítico-transformadora; para tanto, é preciso que haja direcionalidade política no processo. A função intelectual apresentou-se como sendo fundamental na luta por hegemonia no interior dos serviços de saúde