Segurança do paciente em Unidade de Terapia Intensiva: carga de trabalho de enfermagem e sua relação com a ocorrência de eventos adversos e incidentes
Patient Safety in Intensive Care Unit: nursing care time and its relationship with the occurrence of adverse events and incidents

Publication year: 2011
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo - USP to obtain the academic title of Doutor. Leader: Padilha, Katia Grillo

Estudo observacional prospectivo, de abordagem quantitativa, teve como objetivo geral analisar a carga de trabalho de enfermagem de acordo com as horas de assistência requeridas pelos pacientes e a alocação da equipe de enfermagem, por paciente-dia, e sua relação com a ocorrência de eventos adversos e incidentes, em quatro unidades de terapias intensivas (UTIs) pertencentes a um hospital universitário de nível terciário, do município de São Paulo, Brasil. Esta pesquisa foi desenvolvida nas UTIs do 4º andar (Pronto Socorro e Hematologia) e do 6º andar (Pneumologia e Clínica Médica). A amostra foi constituída por 86 pacientes. Para a medida das horas requeridas de cuidado pelos pacientes foi aplicado, nos 40 dias de estudo, o índice Nursing Activities Score (NAS). Os dados desta pesquisa foram obtidos da análise diária dos prontuários, do acompanhamento diário das visitas médicas e da passagem de plantão de enfermagem em dois turnos de trabalho (manhã e noite). Pacientes internados na UTI 4° andar exigiram maior demanda de cuidado de enfermagem (15,7 horas) do que os pacientes da UTI 6° andar (14,7 horas), com diferença significativa (p=0,008). As horas disponíveis de enfermagem na UTI 4° andar (16,9 horas) foram inferiores às do 6° andar (24,4 horas), também com resultado estatisticamente significativo (p=0,000). A média da diferença entre as horas disponíveis de enfermagem e requeridas de cuidado pelos pacientes foi maior na UTI 6° andar, quando comparada com a UTI 4° andar(p=0,000). Nas duas UTIs ocorreram 1082 eventos adversos e incidentes, sendo que 865 (79,9%) eram incidentes e 217 (20,1%) eventos adversos. O aumento na diferença entre as horas disponíveis de enfermagem e requeridas de cuidado pelos pacientes implicou em aumento da frequência de eventos adversos e incidentes, por paciente-dia, apenas na análise conjunta das duas UTIs, com correlação igual a 0,444 (p=0,000). Das 1165 alocações da equipe de enfermagem nas duas UTIs, 893 (76,7%) foram adequadas e 272 inadequadas (23,3%). A média de eventos adversos e incidentes foi maior nas alocações inadequadas da equipe de enfermagem, comparativamente às alocações adequadas, tanto na UTI 4° andar (p=0,004), quanto na UTI 6° andar (p=0,000) e também quando analisadas as duas UTIs conjuntamente (p=0,000). Observou-se também que nas UTIs do 4° e 6° andar, quando analisadas separadamente e em conjunto, quanto maior a diferença entre as horas disponíveis de enfermagem e requeridas de cuidado pelos pacientes nas alocações da equipe de enfermagem, menor foi a frequência de eventos adversos e incidentes, correlações essas significativas. Como conclusão, os resultados mostraram a importância de uma adequada distribuição da equipe de enfermagem para garantia da segurança dos pacientes críticos.
An observational prospective study of an quantitative approach, aimed at analyzing the workload of nurses, according to the hours of care required by patients, and the allocation of the nursing staff, per patient a day, and its relationship with the occurrence of adverse events and incidents, in four intensive care units (ICUs) belonging to a university hospital, of a tertiary level, in São Paulo, Brazil. This research was performed in the ICU on the 4th floor (Emergency Room and Hematology) and the 6th floor (Pulmonary and Clinics). The sample consisted of 86 patients. To measure the hours of care required by patients, it was applied in a 40-day study, Nursing Activities Score. The data from this study was obtained from the daily analysis of patient charts, the daily monitoring of physician visits and nursing change of shifts on two shifts (morning and night). Patients in the ICU on the 4th floor demanded greater nursing care (15.7 hours) than patients in the ICU on the 6th floor (14.7 hours), with a significant difference (p = 0.008). The available nursing time in the ICU on the 4th floor (16.9 hours) were inferior to the one on the 6th floor (24.4 hours), also with a statistically significant result (p = 0.000). The average difference between the available hours and required ones on nursing care for ICU patients was higher on the 6th floor, compared to the ICU on the 4th floor (p = 0.000). In both ICUs there were 1082 adverse events and incidents, of which 865 (79.9%)were incidents and 217 (20.1%) adverse events. The increase in the difference between the available hours and the required ones on nursing care to patients resulted in increased frequency of adverse events and incidents per patient a day, only in the combined analysis of both ICUs, with an equal correlation of 0.444 (p = 0.000). Out of 1165 allocations of the nursing staff in both ICUs, 893 (76.7%) were adequate and 272 (23.3%) inadequate. The average number of incidents and adverse events was higher in the inadequate allocation of the nursing staff, compared to adequate allocation in both the 4th floor ICU (p = 0.004) and 6th floor ICU (p = 0.000), and when analyzed together both ICUs (p = 0.000). It was also observed that in both ICUs, when analyzed separately and together, the higher the difference between the available hours of nursing care and the required ones by patients, in the allocation of the nursing staff, the lower the frequency of adverse events and incidents was, these significant correlations. In conclusion, the results showed the importance of a proper distribution of the daily nursing staff per patient to ensure patient safety.

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