Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Rogero, Marcelo Macedo
Introdução:
A inflamação crônica, sistêmica e de baixa intensidade, para a qual a dieta é um importante fator de risco, está presente na fisiopatologia de doenças crônicas não transmissíveis, as quais figuram entre as principais causas de morte no mundo. Além da dieta isolada, a interação entre os padrões dietéticos e o genoma pode explicar variações na resposta inflamatória entre indivíduos. Objetivo:
Verificar a associação de padrões alimentares e de polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) presentes nos genes da adiponectina, do receptor do tipo Toll (TLR)-4, da interleucina (IL)-1β, da IL-6, da IL-10, do fator de necrose tumoral (TNF)-α, da quimiocina ligante de C-C motif (CCL)-2 e da proteína C reativa (PCR) com um escore de inflamação sistêmica. Métodos:
Dados secundários de 269 indivíduos adultos (20 a 59 anos) e 172 idosos (60 a 75 anos) do estudo de base populacional ISA-capital, edição de 2008, e 284 adultos e 217 idosos do ISA-capital de 2015 foram utilizados pelo presente estudo. A coleta dos dados dietéticos foi realizada por meio de recordatório de 24 horas, aplicado em duplicata e um questionário de frequência alimentar. A partir do plasma, foram determinadas as concentrações plasmáticas de adiponectina, PCR, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, TNF-α, IL-12p70, CCL-2, molécula de adesão intercelular solúvel (sICAM)-1 e molécula de adesão celular vascular solúvel (sVCAM)-1, os quais compõem o escore de inflamação sistêmico. A partir do DNA genômico foi realizada a genotipagem de 31 SNP dos genes ADIPOQ, TLR4, IL1B, IL6, IL10, TNFA, CCL2 e CRP pelo sistema Taqman Open Array. Os padrões dietéticos analisados foram o índice de qualidade da dieta revisado (IQD-R) e o padrão empírico de inflamação da dieta (EDIP), o qual foi adaptado para uso na população do ISA-capital (EDIP-SP). Resultados:
O escore de inflamação foi associado com perfil lipídico plasmático, glicemia e pressão arterial sistêmica. São fatores associados ao escore de inflamação, em um modelo múltiplo, ter maior índice de massa corporal; ter mais de 50 anos de idade; fazer menos de 150 min/semana de atividade física como meio de transporte; ter menor IQD-R, ter maior EDIP-SP, ser homozigoto selvagem para o SNP TLR4 rs5030728 G>A e para o SNP ADIPOQ rs1501299 G>T após ajuste para uso de medicamento, super- e sub-relato da ingestão energética e fumo. O EDIP-SP, composto por "carnes processadas", "frutas e hortaliças" e "arroz e feijão", foi replicado em uma amostra independente apenas em homens. Nenhuma interação foi encontrada entre os SNP TLR4 rs5030728 G>A e ADIPOQ rs1501299 G>T e os padrões dietéticos IQD-R e EDIP-SP. Conclusão:
Maiores escores para o IQD-R, e menores valores para o padrão alimentar EDIP-SP, estão inversamente associados à inflamação sistêmica e de baixa intensidade, independente de outros fatores de risco, na população de adultos da cidade de São Paulo. Os genótipos GG para os SNP TLR4 rs5030728 G>A e ADIPOQ rs1501299 G>T predispõem essa população a maior inflamação sistêmica e de baixa intensidade. Os padrões dietéticos e polimorfismos genéticos não são capazes de modificar os efeitos uns dos outros sobre a inflamação.
Introduction:
Chronic and systemic low-grade inflammation, for which diet is an important risk factor, is present in the pathophysiology of chronic non-communicable diseases that are among the main causes of death worldwide. Besides diet, the interaction between dietary patterns and the genome can explain variations in the inflammatory response across individuals. Objective:
To verify the association of dietary patterns and single nucleotide polymorphism in the genes of adiponectin, Toll-like receptor (TLR)-4, interleukin (IL)-1β, IL-6, IL-10, tumor necrosis factor (TNF)-α, C-C motif chemokine ligand (CCL)-2 and C-reactive protein (PCR) with a systemic inflammation score. Methods:
Secondary data of 269 adults (20 to 59 y.o.) and 172 elderly (60 to 75 y.o.) from the population-based study Health Survey of Sao Paulo (HS-SP), 2008 edition, and 284 adults and 217 elderly individuals from HS-SP 2015 edition were used in the present study. Dietary assessment was done through two 24-hour recalls and one validated food frequency questionnaire. From the blood, plasma concentration of adiponectin, CRP, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, TNF-α, IL-12p70, CCL-2, soluble intercellular adhesion molecule (sICAM)-1 and soluble vascular cell adhesion molecule (sVCAM)-1 were determined, all of which composed the systemic inflammation score. From extracted DNA, 31 SNPs in ADIPOQ, TLR4, IL1B, IL6, IL10, TNFA, CCL2 e CRP genes were genotypes using the Taqman Open Array system. The two analyzed dietary patterns were the Brazilian Health Eating Index-revised (IQD-R) and the Empirical Dietary Inflammatory Pattern (EDIP), which was further adapted to be used in the Sao Paulo population (EDIP-SP). Results:
The systemic inflammation score was associated with blood lipid levels, glycemia and blood pressure. The systemic inflammatory score independently associated factors were:
having higher BMI; being in the highest category of age (> 50 years); doing less than 150min/week of commuting physical; having lower IQD-R and higher EDIP-SP, being GG homozygous for SNP TLR4 rs5030728 G>A e and SNP ADIPOQ rs1501299 G>T, even after adjustments for medication use, misreporting of energy intake and smoking status. EDIP-SP, composed of "processed meat", "fruits and vegetables" and "rice and beans" groups, was replicated only in men. No interaction was observed between SNP TLR4 rs5030728 G>A and ADIPOQ rs1501299 G>T and the dietary patterns, IQD-R and EDIP-SP. Conclusion:
Higher score for IQD-R, and a lower score for EDIP-SP, were inversely associated with systemic low-grade inflammation, independently of confounders, in the Sao Paulo population. The GG genotype for SNP TLR4 rs5030728 G>A and for ADIPOQ rs1501299 G>T predispose this population to systemic low-grade inflammation. Neither the dietary patterns nor the SNP modify the effect of one another on inflammation.