Prevalência e fatores associados à fadiga em mulheres com câncer de mama
Prevalence and factors associated to the fatigue in women with breast cancer

Publication year: 2012
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo - USP to obtain the academic title of Mestre. Leader: Pimenta, Cibele Andruccioli de Mattos

Introdução:

Fadiga em mulheres com câncer de mama pode ser frequente, acentuada e levar a prejuízos na funcionalidade e sofrimento. No entanto, é pouco explorada na população brasileira.

Objetivo:

Estimar a prevalêcia de fadiga e analisar os fatores relacionados ao sintoma em mulheres com câncer de mama.

Método:

Estudo transversal com amostra não probabilística constituída por 163 mulheres com câncer de mama em acompanhamento ambulatorial (idade média de 51,7 anos, escolaridade média de 13,6 anos de estudo e, 23,4% apresentaram tumor em estádio IV). Os dados foram coletados na cidade de São Paulo, no período de julho de 2006 a abril de 2008, em três serviços de oncologia, sendo um público e dois privados. A fadiga, variável dependente do estudo, foi avaliada por meio da Escala de Fadiga de Piper Revisada (0-10). As variáveis independentes foram idade, escolaridade, situação marital, trabalho remunerado, renda familiar, estadiamento do câncer, tratamento atual para o câncer, níveis de hemoglobina, índice de massa corporal, depressão, capacidade funcional, presença e intensidade de dor e alteração do sono.

Resultados:

Fadiga foi definida como aquela com escore 4. A prevalência do sintoma foi de 31,9% [IC95%: 24,8 39,6] e a intensidade média foi 6,0 (DP=1,3). Na análise univariada,observou-se que cinco, das 18 variáveis independentes testadas, foram identificadas como fatores de risco para a fadiga em mulheres com câncer de mama: nível de hemoglobina, capacidade funcional,depressão, dor e prejuízo do sono. No entanto, na análise de regressão múltipla, apenas dor e depressão foram fatores independentemente associados à  fadiga em mulheres com câncer de mama. As mulheres com dor apresentaram chance 12% maior de apresentar fadiga em comparação àquelas pacientes sem dor. As mulheres com depressão apresentaram chance 6% maior de ter fadiga em comparação às pacientes sem essa morbidade.

Conclusão:

A prevalência de fadiga foi elevada e, visto que se adotou critério rígido para se definir fadiga (aquela com escore 4), pode-se assumir que o sintoma era clinicamente relevante. Fadiga associou-se com prejuízo do sono, dor, depressão e capacidade funcional, mas apenas dor e depressão foram preditores independentes confirmando a complexidade do sintoma e a existência de um cluster de sintomas. O controle da fadiga é pouco conhecido, mas depressão e dor são sintomas passíveis de modificação na prática clínica. Assim, talvez seja possível algum alívio da fadiga por meio do tratamento da dor e da depressão. Esses resultados podem contribuir no manejo de sintomas prevalentes em pacientes com câncer de mama, visando minorar o desconforto, melhorar o bem estar e a qualidade de vida dessa população.

Introduction:

Fatigue in women with breast cancer can be frequent, accentuated and lead to prejudices in the functionality and suffering. However, is little explored in the Brazilian population.

Objective:

To estimate the fatigue prevalence and analyze the factors related to the symptom in women with breast cancer.

Method:

Transversal study with sample non probabilistic constituted by 163 women with breast cancer in ambulatory follow-up (mean age of 51.7years, mean schooling of 13.6 years of study and, 23.4% presented tumor in IV stage). The data were collected at São Paulo city, in the period of July of 2006 to April of 2008, in three services of oncology, being one public and two private. The fatigue, dependent variable of the study, was evaluated by means of the Piper Fatigue Scale Reviewed (0-10). The independent variables were age, schooling, marital situation, remunerated work, familiar income, staging of the cancer, present treatment for cancer, levels of hemoglobin, body mass index, depression, functional capacity, presence and intensity of pain and sleep alteration.

Results:

Fatigue was defined as that with score 4. The prevalence of the symptom was 31.9% [IC95%: 24.8 39.6] and the mean intensity was 6.0 (DP=1.3). In the univariate analysis, it observed that five, of the 18 independent variables, were identified as risk factors for the fatigue in women with breast cancer: level of hemoglobin, functional capacity, depression, pain and sleep prejudice. However, inthe multiple regression analysis, only pain and depression were factors independently associated to the fatigue in women with breast cancer. The women with pain presented chance 12% greater of presenting fatigue in comparison to those without pain. The women with depression presented chance 6% greater of having fatigue in comparison to the patients without this morbidity.

Conclusion:

The fatigue prevalence was elevated and, once it adopted rigid criteria to define fatigue (that with score 4), it can assume that the symptom was clinically relevant. Fatigue was associated with sleep prejudice, pain, depression and functional capacity, but only pain and depression were independent predictors confirming the symptom complexity and the existence of a cluster of symptoms. The fatigue control is little known, but depression and pain are symptoms susceptible to modification in the clinical practice. Thus, maybe it can be possible any fatigue relief by means of the pain and depression treatment. These results can contribute in the management of prevalent symptoms in patients with breast cancer, aiming at reducing the discomfort, improving wellbeing and life quality of this population.

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