Avaliação da resposta imune humoral contra a proteína Trap (proteína adesiva relacionada à trombospondina) de Plasmodium vivax em populações de área endêmica brasileira
Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz. Pós-Graduação em Biologia Parasitária to obtain the academic title of Mestre. Leader: Lima Junior, Josué da Costa
A TRAP (Proteína Adesiva Relacionada à Trombospondina) do Plasmodium spp. é essencial para a motilidade dos esporozoítos e para a invasão da glândula salivar do mosquito e do hepatócito do vertebrado. Devido ao seu importante papel biológico, a TRAP é considerada um alvo promissor para o desenvolvimento de uma vacina pré-eritrocítica. Apesar dos poucos relatos disponíveis acerca da resposta imune naturalmente adquirida contra a TRAP do Plasmodium vivax (PvTRAP), os resultados são conflitantes e nunca foram explorados na região Amazônica. Portanto, nós visamos caracterizar a reatividade de anticorpos (IgG e subclasses de IgG) contra a PvTRAP recombinante em um estudo de corte transversal envolvendo 299 indivíduos naturalmente expostos a infecções de malária, moradores de 3 comunidades na Amazônia brasileira (Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Guajará), além disso os epítopos de células B também foram mapeados na sequência completa da PvTRAP através do uso de abordagens in vitro e in silico. Primeiramente, nós confirmamos que a PvTRAP é naturalmente imunogênica pois 49% dos indivíduos foram respondedores para IgG de PvTRAP. A resposta imune observada foi conduzida principalmente pela sublasse de anticorpo citofílico IgG1. Além disso, os níveis de IgG1 apresentaram correlação com idade e tempo de residência em área endêmica (p<0,05). Entretanto, curiosamente, apenas os níveis de anti-IgG3específicos para PvTRAP parecem estar associados com proteção, visto que os indivíduos respondedores para IgG3 apresentaram um tempo decorrido desde o último episódio de malária significatimente maior do que os indivíduos não-respondedores para IgG3. Em relação ao mapeamento dos epítopos de células B, entre os 148 indivíduos respondedores para a proteína PvTRAP recombinante, quatro epítopos preditos foram reconhecidos pelos anticorpos (PvTRAPR197-H227; PvTRAPE237-T258; PvTRAPP344-G374 e PvTRAPE439-K454). Contudo, as frequências de respondedores contra os peptídeos foram baixas e não apresentaram uma clara correlação contra o antígeno recombinante. Além disso, nenhum dos epítopos confirmados foram localizados nas regiões de ligação da PvTRAP. Em conjunto, nossos dados confirmam a imunogenicidade da PvTRAP entre os habitantes da Amazônia, entretanto nós sugerimos que os principais epítopos de células B não são lineares.