Avaliação dos níveis séricos e polimorfismos genéticos relacionados à vitamina D e resistência insulínica em pacientes monoinfectados com HCV

Publication year: 2017
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Villar, Livia Melo

A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) tem sido relacionada a distúrbios metabólicos. O objetivo geral deste estudo foi determinar a prevalência de hipovitaminose D e polimorfismos genéticos associados com a vitamina D e avaliar se as mutações nas posições 70 e 91 do core estão associadas a presença de resistência insulínica (RI), a fim de fornecer subsídios para o desenvolvimento de estratégicas mais eficazes para o tratamento desta infecção. Foram incluídos 237 pacientes com HCV para determinação dos níveis sérico de 25(OH)D e compará-los com dados virológicos e laboratoriais, bem como resposta virológica sustentada (RVS) à terapia antiviral. Para a avaliação dos polimorfismos genéticos relacionados aos genes VDR e GC, um total de 148 pacientes com HCV foram recrutados.

A análise de discriminação alélica foi realizada usando os ensaios TaqMan e os SNPs analisados foram:

VDR-rs7975232 (Apal) C> A, rs731236 A> G (Tasl), rs1544410 C> T (Bsml), rs10735810 T> C (Folk) e GC-rs4588 e rs7041 e o haplótipo bAt [CCA]. Para a avaliação da prevalência de RI em pacientes com HCV, 214 pacientes não diabéticos foram estudados.
A insulina foi quantificada usando imunoensaio de quimioluminescência. A RI foi determinada pelo HOMA-RI, onde HOMA-RI> 2 foi definido como resistente. Por fim, para a avaliação da associação entre mudanças nas posições 70 e 91 do core do HCV com o desenvolvimento de RI, 92 pacientes com HCV não tratados foram recrutados. As mutações avaliadas foram determinadas por sequenciamento direto de nucleotídeos. Como resultado, observamos prevalência de hipovitaminose D em 66,2% dos pacientes com HCV, enquanto que entre os pacientes com RVS, a maioria (55,9%) apresentou 25(OH)D superior a 30ng/mL. Na avaliação dos fatores genéticos do hospedeiro, foi observada uma associação significativa entre 25(OH)D ≥ 20ng/mL e AST [p = 0,019 (Cl: 1,003 – 1,034)], colesterol total [p = 0,038 (Cl: 1,004 – 1,164)], grau de fibrose [p<0,001 (Cl: 0.000 – 0.844)], e presença de alelo Fokl (p = 0.028). Também encontramos associação entre Bsml e algoritmo de fibrose; Taql e triglicerídeo e algoritmo de fibrose; Fokl e HDL; GC rs4588 e tratado e não tratado e, GGT e; GC rs7041 com genótipo 1 e não-1.
Na avaliação da prevalência de RI, 62,1% apresentaram HOMA>2 e a RI foi associada a valores médios mais elevados de idade (p = 0,040), triglicerídeos (p =0,032), glicose (p = 0,000), insulina (p = 0,000), circunferência abdominal (p = 0,001) e índice de massa corpórea (p = 0,007). Em relação às mutações na região do core, a presença de glutamina na posição 70 foi associada à baixa concentração de vitamina D (p = 0,005). Concluímos que a deficiência de vitamina D é comum entre os pacientes brasileiros infectados com HCV e não está associada à RVS. O polimorfismo de SNPs de VDR e GC foi associado a concentração de vitamina D, grau de fibrose e tipo de genótipo do HCV. Observamos alta prevalência de RI entre os pacientes com HCV, demonstrando que esta população pode estar com maior risco de desenvolver diabetes mellitus tipo 2. Não houve associação entre mutações nos aminoácidos 70 e 91 do core HCV e a presença de RI, o que sugere que a variabilidade genética desta região tem ponto de impacto na RI. (AU)

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