Imunomodulação da neurocognição na homeostase e após a malária experimental murina

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Ribeiro, Claudio Tadeu Daniel

O sistema imune exerce um papel fundamental nos processos de aprendizado e memória e déficits neurocognitivos são relatados em humanos e murinos, como sequelas da malária cerebral. Nos últimos anos, têm-se relatado também comprometimento cognitivo, após um ou mais episódios da malária não-complicada (MnC) em humanos, mas não nos modelos experimentais murinos clássicos de MnC. Considerando os sistemas imune e nervoso como sistemas cognitivos plásticos que se reorganizam conforme vivenciam experiências e o plasmódio como parasito dotado de grande poder de desorganização do sistema imune; a proposta do trabalho foi estudar a influência de estímulos imunes no comportamento de camundongos sadios ou após infecção por Plasmodium berghei ANKA (PbA). Assim, camundongos C57BL/6 foram infectados ou não por PbA e tratados com cloroquina por sete dias, a partir do 4o dia após a infecção. Os animais foram, em seguida, estimulados com imunógenos conforme o perfil de resposta imune pró- e anti-inflamatório e submetidos à avaliação imune e comportamental
A infecção, per se, promoveu aumento do percentual de células-T CD4 e -T CD8 naïves e os estímulos Th2 causaram aumento de células-T CD4 efetoras e consequente diminuição de células-T CD4 naïve e aumento de células-T CD4 regulatórias, inclusive com a secreção da IL-4, a “citocina para relembrar”, que está associada ao bom desempenho cognitivo. A infecção causou déficits de memória de longo e curto prazo e induziu comportamento ansioso 77 dias após o término do tratamento com cloroquina. A imunização com estímulos combinados (Th1 e Th2; Pool de estímulos), assim como com os estímulos Th2, mas não os estímulos excitadores de resposta imune Th1, aprimorou a memória de longa duração de camundongos sadios adultos; e evitou a manifestação do déficit comportamental detectado tardiamente nos camundongos com episódio prévio de MnC por PbA. Nossos dados sugerem um efeito promotor benéfico da imunização no melhoramento cognitivo-comportamental abrindo novas possibilidades para a utilização de vacinas como adjuvantes cognitivos, além do uso clássico que têm como profiláticos de doenças infecciosas. (AU)

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