Influência das Quimiocinas na migração dos linfócitos T e na permeabilidade de células endoteliais na infecção pelo vírus Dengue
Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Pinto, Luzia Maria de Oliveira
Dengue é uma doença causada pelo vírus dengue (DENV) com amplo espectro clínico, variando desde uma infecção assintomática a casos graves, com manifestações hemorrágicas e/ou extravasamento plasmático, que podem levar o paciente ao óbito. Durante a infecção, mediadores pró-inflamatórios, como citocinas e quimiocinas, apresentam papel chave na imunopatogênese da dengue. Dentre esses mediadores, as quimiocinas exercem influência em diversos processos homeostáticos e inflamatórios, atuando na ativação do endotélio vascular e na migração celular. O objetivo desse trabalho foi avaliar a influência das quimiocinas CCL5, CX3CL1 e CXCL10 na alteração da permeabilidade endotelial e na migração de linfócitos T em pacientes infectados com DENV. Soro e células mononucleares do sangue periférico (do inglês PBMC) dos pacientes foram utilizados neste estudo, e obtidas durante as epidemias de 2013 e 2016.
Após a confirmação do diagnóstico laboratorial para dengue, os pacientes foram classificados clinicamente segundo critérios da OMS 2009. Níveis séricos das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 e quimiocinas CCL2, CCL5, CXCL8, CXCL10 e CX3CL1 de pacientes foram quantificadas por ELISA e LUMINEX. Para avaliação da permeabilidade endotelial in vitro foi realizado medida da resistência elétrica transendotelial (TEER) em HMVEC-d, através do equipamento Milicell-ERS acoplada a câmara Endohm 6, na presença de soro pré-tratados ou não com anticorpos neutralizantes anti-CCL5, anti-CXCL10 ou anti-CX3CL1. A caracterização do perfil de expressão dos receptores de quimiocinas CCR4, CCR5, CCR7 e CX3CR1 em linfócitos T de pacientes e controles sadios foram realizados por citometria de fluxo. Para avaliação da capacidade in vitro de migração de linfócitos T em câmara transwell foram utilizados os recombinantes TNF+CXCL8/IL-8, CCL5 ou CX3CL1.
Os resultados demonstraram a influência de constituintes presentes no soro de pacientes na alteração da permeabilidade da monocamada de células endoteliais. Essa alteração foi observada com mais frequência nos casos FDSA/Grave comparado aos casos FD e controles sadios. Dentre os mediadores próinflamatórios quantificados, os níveis de CCL5 foram menores em pacientes cujo soro foi capaz de induzir alteração da permeabilidade das HMVEC-d, comparado aos pacientes cujo soro não induziu. O pré-tratamento do soro de pacientes que promoveram a redução do TEER relativo com os anticorpos bloqueadores CCL5 e CX3CL1, levou ao aumento do valor TEER relativo das células HMVEC-d, indicando que, neste grupo de pacientes, existe uma influência das quimiocinas CCL5 e CX3CL1 na manutenção da integridade endotelial. Pacientes FDSA/Grave apresentam maior frequência de linfócitos T CD4 e CD8 expressando CCR5 e CX3CR1 em comparação aos linfócitos T de pacientes FD. Estudo sobre a influência das quimiocinas CCL5 e CX3CL1 na migração de linfócitos T de pacientes indicou que tanto os linfócitos T CD4 como os CD8 de pacientes FDSA/Grave migram mais, independente da presença do estímulo quimiotático, do que os linfócitos T de pacientes FD, provavelmente porque as células dos FDSA/Grave expressam mais a molécula CD49d. Em condições nas quais foram utilizados os recombinantes CCL5 e CX3CL1 como estímulos quimiotáticos, os linfócitos T CD4 e CD8 de pacientes FDSA/Grave foram mais responsivos ao CCL5 e, portanto, migraram mais na presença de CCL5, comparado aos linfócitos T dos pacientes FD. O conjunto desses dados demonstra a influência das quimiocinas CCL5 e CX3CL1 na regulação da integridade endotelial e de CCL5 na migração dos linfócitos T, mais evidenciado nos pacientes FDSA/Grave. (AU)