Ensaio clínico fase II de não inferioridade, randomizado e controlado, para avaliação da histerectomia extrafascial no tratamento do câncer de colo uterino em estágio Ia2-Ib1 ≤ 2cm
LESs surgical radicality for early stage cervical cancer (LESSER)

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Antônio Prudente to obtain the academic title of Doutor. Leader: Baiocchi Neto, Glauco

Introdução:

O tratamento cirúrgico do câncer do colo do uterino consiste numa ressecção radical com necessidade de parametrectomia, acrescentando assim morbidade ao tratamento, talvez, não necessária em pacientes com doença inicial.

Objetivo:

Avaliar a não-inferioridade da histerectomia extrafascial em comparação à histerectomia radical modificada, ambas com linfadenectomia pélvica bilateral, em termos de eficácia e segurança para tratamento dos tumores de colo uterino em estádio IA2 – IB1 ≤ 2cm.

Casuística e métodos:

Quarenta e duas mulheres portadoras de câncer do colo uterino em estadios clínicos IA2 a IB1 com tumores ≤ 2cm, candidatas a tratamento cirúrgico eletivo com intenção curativo foram randomizadas 1:1 para realização de histerectomia extrafacial ou histerectomia radical modificada no período entre maio de 2015 a abril de 2018, 40 foram avaliadas. Características clínicas e patológicas foram coletadas de forma prospectiva. Os dados de qualidade de vida foram coletados com o uso do questionário EORTC QLQ-30.

Resultados:

Ambos os grupos apresentaram, tanto as características clínicas (Idade, Peformance Status, ASA, Estadiamento clínico e tamanho da lesão no exame físico no pré-operatório), quanto as características tumorais no anatomo patológicas (subtipo, Grau de diferenciação, tamanho maior que 2 cm, invasão angiolifática, número de linfonodos dissecados, presença de linfonodo metastático e invasão estromal) similares. O tempo cirúrgico mediano foi maior (199,5 minutos) no grupo de histerectomia radical modificada, com uma diferença de 49,5 minutos (p=0,003), assim como o tempo de sondagem vesical no pós-operatório também foi maior em pacientes submetidas a histerectomia radical modificada (p=0,043). Não houve mortalidade pós-operatória (nos primeiros 30 dias) e a taxa de complicações pós-operatórias foi similar, com 15% e 20% (p=1,000), assim como o a necessidade de adjuvânica com 30% e 20% (p=0,480), para os braços de histerectomia extrafascial e radical modificada, respectivamente. Houve similariedade nas escalas de funcionalidade física ou sintomas entre ambos os braços do estudo antes e 6 meses após o procedimento cirúrgico, exceto a função emocional que melhorou no grupo de histerectomia radical modificada após 6 meses, quando comparado com o mesmo grupo de pacientes antes da cirurgia. O seguimento mediano foi de 16,2 meses e a sobrevida livre de doença em 2 anos (análise interina) foi de 95% e 100% nos braços histerectomia fascial e radical modificada, respectivamente (p=0,405). Uma paciente faleceu após 25 meses de seguimento, no grupo da histerectomia extrafascial, devido a progressão de doença regional.

Conclusão:

A histerectomia extrafascial apresentou uma baixa morbidade e mostrou-se segura no tratamento das pacientes com câncer de colo uterino inicial e não parece ser inferior à histerectomia radical modificada nesse contexto, e a parametrectomia talvez seja desnessária nesse subgrupo populacional. As análises dos dados do desfecho primário, após um maior seguimento, são esperadas antes da realização da conclusão final

Introduction:

Surgical treatment of cervical cancer consists of a radical resection requiring parametrectomy, thus adding morbidity to the treatment, perhaps not necessary in patients with initial disease.

Objective:

To evaluate non-inferiority of simple hysterectomy in comparison to radical modified hysterectomy, both inclunding bilateral pelvic lynphadenectomy, in terms of efficacy and safety for treatment of uterine cervical tumors in stage IA2 - IB1 ≤ 2cm.

Methods:

Forty-two women with uterine cervical cancer in clinical stages IA2 to IB1 with tumors ≤ 2 cm, candidates for elective surgical treatment with curative intent were randomized 1: 1 to perform simple hysterectomy or modified radical hysterectomy in the period from May 2015 to April 2018, 40 were evaluated. Clinical and pathological characteristics were collected prospectively. Health-related quality of life was assessed with the European Organisation for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Questionnaire Core 30 (EORTC QLQ-C30).

Results:

Clinical characteristics (age, Peformance Status, ASA, clinical staging and lesion size in the preoperative physical examination), as well as tumor characteristics in anatomical pathology (subtype, degree of differentiation, size greater than 2 cm, angiolipathic invasion, dissected node’s number, nodal metastasis and stromal invasion) were well balanced between the treatment groups. The median surgical time was greater (195 minutes) in the modified radical hysterectomy group, with a difference of 49,5 minutes (p = 0.003), such as, postoperative bladder catheterization days was also higher in patients submitted to modified radical hysterectomy (p = 0.043). There was no postoperative mortality (in the first 30 days) among all patients and the rate of postoperative complications was similar, with 15% and 20% (p = 1,000), as well as the need for adjuvante treatment with 30% and 20% (p = 0.480) for the arms of simple and modified radical hysterectomy, respectively. Global health or quality of life and physical functioning scores were similar between groups, before and 6 months after the surgeries, except for the emotional function, that improved in the group of modified radical hysterectomy after 6 months when compared with the same group of patients prior to surgery. The median follow-up was 16.2 months and the 2-year disease free survival (interim analysis) was 95% and 100% in the simple hysterectomy’s and modified radical’s arms, respectively (p = 0.405). Only one patient died after 25 months of follow-up in the simple hysterectomy group due to regional disease progression.

Conclusion:

Simple hysterectomy presented low morbidity and it was safe in the treatment of patients with early stage cervical cancer and does not appear to be inferior to modified radical hysterectomy in this context, and parametrectomy may be not necessary in this population subgroup. We wait the final analysis of the primary endpoint

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